Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O governo avaliou nesta segunda-feira que a retomada da atividade dos caminhoneiros ainda é lenta, apesar das medidas anunciadas na véspera pelo presidente Michel Temer para atender às principais demandas da categoria, mas a expectativa é que o processo se acelere ao longo do dia.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram desativadas 728 paralisações entre o início das manifestações até as 8h desta segunda, mas ainda restavam 556. Na sexta-feira, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, dissera que o pico de bloqueios durante a semana passada fora de 938 obstruções, das quais 519 permaneciam ativas.
“Nossa preocupação maior é a normalização do abastecimento o mais rápido possível”, disse o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, após reunião com outros ministros no Palácio do Planalto para tratar da crise provocada pela greve dos caminhoneiros, que chegou ao oitavo dia.
Segundo a PRF, a maioria dos bloqueios é parcial e sem prejuízo à circulação de outros veículos não participantes das manifestações.
“A PRF continua desenvolvendo ações para a manutenção de corredores interestaduais para a circulação de cargas de animais vivos, gêneros alimentícios, equipamentos essenciais, medicamentos, combustíveis e outras cargas sensíveis”, disse a PRF em nota.
A paralisação dos caminhoneiros entrou na segunda semana mesmo com o anúncio feito por Temer na noite de domingo de medidas que atendem às principais demandas da categoria, como redução do preço do diesel em 46 centavos por litro por um período de 60 dias.
Apenas a redução do diesel terá um custo de 9,5 bilhões de reais no Orçamento deste ano, uma vez que a União irá ressarcir a Petrobras pelo custo do congelamento dos preços.
Os protestos continuaram nesta segunda-feira apesar de lideranças do movimento, como a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), terem dito que objetivos da greve da categoria foram atingidos e que os caminhoneiros deveriam voltar ao trabalho.
“No nosso entendimento, a negociação que o governo tinha que fazer com caminhoneiros encerrou-se”, disse Padilha, acrescentando que foi negociada a extinção do movimento dos caminhoneiros com as lideranças. “Cumprimos a nossa parte, e agora por certo esperamos que a outra parte cumpra a sua”, disse.
Em breve menção à paralisação durante cerimônia de posse de Ronaldo Fonseca de Souza como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Temer disse ter “absoluta convicção” de que a paralisação será resolvida até terça-feira.
A paralisação provocou desabastecimento generalizado pelo país e, segundo o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, a greve está tendo um impacto “relevante” na atividade econômica do país.
Na sexta-feira, o governo anunciou que usaria tropas federais para desobstruir rodovias e garantir o abastecimento, o que fez com que caminhões-tanque fossem escoltados das refinarias para atender às necessidades de serviços essenciais nas principais cidades do país.
De acordo com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, já houve a normalização do abastecimento de combustível para termelétricas e para os aeroportos mais importantes do país após a intervenção das forças federais.
Segundo Etchegoyen, a PRF e as Forças Armadas têm oferecido escoltas que têm aumentado o número de caminhões nos trajetos, e a “prioridade absoluta” agora é a área de saúde.
PETROLEIROS
Em relação à convocação de greve por parte dos petroleiros tendo como uma das demandas a demissão do presidente da Petrobras, Pedro Parente, o ministro da Casa Civil disse que o governo não vai “sequer analisar” qualquer pressão pela saída do executivo.
Segundo Padilha, o presidente da estatal está em linha com o desejo do presidente Temer de fazer da Petrobras “uma das melhores petroleiras do mundo”. O ministro afirmou, ainda, que Temer já conversou com Parente sobre o chamado de greve, e a estatal está negociando para evitar paralisação de petroleiros.
“Precisamos que a Petrobras continue abastecendo veículos que transportam combustíveis”, afirmou Padilha.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos filiados convocaram a categoria para uma greve nacional de advertência de 72 horas a partir do dia 30 de maio, e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) também indica greve por tempo indeterminado a partir do mesmo dia.
Ambas as federações colocam como pauta a redução dos preços dos combustíveis e a saída de Parente.