Por Rodrigo Viga Gaier e Roberto Samora
RIO DE JANEIROS/SÃO PAULO (Reuters) – A Petrobras conta com grandes estoques de combustíveis em suas refinarias para enfrentar uma greve de 72 horas a partir de quarta-feira, após os protestos de caminhoneiros reduzirem fortemente as saídas dos produtos das unidades desde o início da semana passada, disseram uma fonte da empresa e a própria federação dos petroleiros.
“O que posso dizer é que nossos estoques estão abarrotados e entupidos porque muita coisa não saiu das refinarias”, afirmou a fonte, na condição de anonimato, em referência aos protestos de caminhoneiros que ocorrem em grande parte do Brasil desde o dia 21 de maio, prejudicando o abastecimento nos postos.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) convocaram a categoria para uma greve nacional de advertência de 72 horas. Entre as reivindicações, os sindicalistas colocam a redução dos preços dos combustíveis e a saída do presidente da Petrobras, Pedro Parente.
Além das refinarias, os trabalhadores devem aderir ao movimento nas plataformas de petróleo, terminais da Transpetro e térmicas, entre outras unidades.
Normalmente, a Petrobras coloca equipes de contingência para evitar impactos significativos na produção durante as greves.
Com os protestos de caminhoneiros entrando no nono dia nesta terça-feira, no entanto, havia alguma preocupação de que a greve dos petroleiros pudesse ter um impacto maior do que o registrado historicamente.
Contudo, a própria FUP anunciou que o movimento não deverá trazer problemas para a população.
“Os tanques das refinarias estão abarrotados de derivados de petróleo, em função dos protestos dos caminhoneiros”, afirmou o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, ressaltando que os petroleiros “sempre tiveram a responsabilidade de atender as necessidades básicas da população”.
A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Petrobras apresentaram nesta terça-feira ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) uma ação com pedido de liminar para evitar a greve dos petroleiros, pedindo que seja reconhecido o caráter “abusivo” do movimento diante da crise de abastecimento.
O advogado Luiz Antonio dos Santos Júnior, sócio da Veirano Advogados, avaliou que a Justiça poderia declarar a greve abusiva, uma vez que a reivindicação não é trabalhista.
“Houve convocação por parte de sindicatos e não tem pauta reivindicatória, porque é mais de natureza política do que de remuneração”, comentou o presidente da Petrobras, Pedro Parente, durante teleconferência com analistas, nesta terça-feira.
O executivo disse que a empresa está trabalhando para que o movimento não traga repercussões maiores.
“Confiamos que os colaboradores entendam o momento e confiamos que possamos passar sem maiores consequências”, disse ele.
Procurada, a Petrobras disse ainda que tomará as medidas necessárias para garantir a continuidade das operações.