Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) – A italiana Enel fechou a compra de mais de 70 por cento da distribuidora de energia paulista Eletropaulo por cerca de 5,55 bilhões de reais, em um leilão realizado nesta segunda-feira pela bolsa B3, na qual apresentou uma oferta pública pela aquisição até da totalidade das ações da elétrica.
A companhia italiana superou sua rival Iberdrola pela transação, que a tornará a líder no mercado brasileiro de distribuição de eletricidade, posição até então ocupada pela CPFL Energia, da chinesa State Grid.
O negócio envolverá o pagamento pela Enel de 45,22 reais por ação da Eletropaulo, em um total de 122,79 milhões de papéis da companhia, que possui cerca de 167,3 milhões de ações em circulação.
Os italianos ainda se comprometeram a realizar um aporte de ao menos 1,5 bilhão de reais na distribuidora paulista, a maior do Brasil em termos de faturamento e energia negociada.
A aquisição foi fechada após uma dura concorrência com a Neoenergia, controlada pelos espanhóis da Iberdrola, que ofereceu 39,53 reais por ação da Eletropaulo em sua proposta final pelo ativo, na semana passada.
“Uma empresa grande como a Eletropaulo, em uma região super populosa e que concentra boa parte do PIB brasileiro, acaba atraindo grandes grupos… Eles devem estar contando que vão ter maior capacidade de investimento para melhorar os indicadores de performance da companhia e torná-la mais rentável”, disse à Reuters o especialista em energia da E&Y, Marcos Quintanilha.
A Eletropaulo ficou em 44° lugar em um ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) do ano passado no qual consumidores avaliam a qualidade dos serviços prestados pelas distribuidoras de energia no país.
CONCORRÊNCIA ACIRRADA
A disputa pela compra da Eletropaulo teve início ainda em março, quando a companhia recebeu uma primeira proposta da Enel. Na época, os papéis da distribuidora eram negociados a cerca de 17 reais.
Posteriormente, a elétrica atraiu uma proposta da brasileira Energisa, de 19,38 reis por ação, e da Neoenergia, que entrou então em uma guerra de lances contra a Enel pelo negócio.
Antes do leilão, os maiores acionistas da Eletropaulo eram a norte-americana AES e o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com a compra do controle pela Enel, a Eletropaulo irá se somar às outras operações de distribuição de energia controladas pela empresa no país –no Rio de Janeiro, no Ceará e em Goiás. O número de clientes do grupo em distribuição no país passará para 17 milhões, contra 7 milhões anteriormente.
A Enel também possui ativos de transmissão e de geração de energia no Brasil, com destaque para os negócios em fontes renováveis, como usinas eólicas e solares.
(Por Luciano Costa)