A TAE foi fundada em 1998 e visa ter um reator de fusão em escala comercial fornecendo energia para a rede no início de 2030
Google e Chevron fazem parte de um aumento de financiamento de US$ 250 milhões anunciado na terça-feira (19) para a TAE Technologies, uma startup de fusão nuclear com uma estratégia não convencional que já levantou um total de US$ 1,2 bilhão.
A fusão nuclear é muitas vezes referida como o santo graal da energia limpa devido a sua promessa de gerar energia livre de emissões quase ilimitada sem o equivalente nocivo e duradouro resíduo radioativo que a fissão nuclear produz. A fusão é o processo elementar que alimenta as estrelas e o Sol, mas provou ser extremamente difícil de sustentar em uma reação controlada na Terra, apesar de décadas de esforço.
“O TAE – e a tecnologia de fusão como um todo – tem o potencial de ser uma fonte escalável de geração de energia sem carbono e um facilitador essencial da estabilidade da rede, à medida que as energias renováveis se tornam uma parte maior do mix de energia”, explicou Jim Gable, presidente da Chevron Technology Ventures, braço de capital de risco corporativo da empresa de energia, em um comunicado anunciando a rodada de financiamento de terça-feira.
Investimentos
O Google tem parceria com a TAE desde 2014, fornecendo à startup de fusão inteligência artificial e poder computacional. Mas terça-feira marca o primeiro investimento em dinheiro do Google no TAE. Uma empresa de investimento japonesa, Sumitomo Corporation of Americas, também participou da rodada e ajudará a TAE a trazer sua tecnologia de fusão para a região da Ásia-Pacífico.
A TAE foi fundada em 1998, hoje com Michl Binderbauer, como CEO (imagem), e visa ter um reator de fusão em escala comercial fornecendo energia para a rede no início de 2030. O investimento segue um anúncio em outubro de que a TAE fez parceria com o Instituto Nacional de Ciência da Fusão do Japão. Atualmente, o Japão obtém a maior parte de sua energia do carvão, petróleo e gás natural, de acordo com a Associação Internacional de Energia. Sua geografia torna seus objetivos de energia limpa particularmente desafiadores.
“Ao contrário de muitos outros países, o Japão não tem uma abundância de recursos de energia renovável e sua alta densidade populacional, terreno montanhoso e costas íngremes representam sérias barreiras para aumentar os que tem, principalmente porque muitas de suas poucas planícies já estão fortemente coberto por painéis solares”, afirmou Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, sobre o cenário energético do país em 2021. Isso significa que o Japão precisa se concentrar em eficiência energética e energia nuclear, entre outras fontes, disse ele.
Marco técnico alcançado
Também na terça-feira, a TAE anunciou um marco técnico: atingiu temperaturas superiores a 75 milhões de graus Celsius com sua atual máquina de reator de fusão, apelidada de Norman, localizada em Foothill Ranch, na Califórnia, onde a empresa está sediada.
O financiamento que a TAE anunciou na terça-feira será destinado à construção de sua máquina de fusão de próxima geração, chamada Copernicus, que será concluída até 2025 e ficará localizada nas proximidades de Irvine, Califórnia.
A máquina mais comum sendo construída para realizar a fusão é um tokamak, um dispositivo em forma de rosquinha. Esse método está sendo desenvolvido no ITER, o projeto multinacional de fusão colaborativa que está sendo construído na França e na foto abaixo:
O plasma – o estado mais energético da matéria além do gás – é gerado em ambas as extremidades da máquina de fusão TAE e depois disparado para o meio, onde os plasmas se chocam e iniciam a reação de fusão.
Outro diferencial importante da abordagem de fusão da TAE é o combustível que ela usa. A fonte mais comum de combustível para reações de fusão envolve deutério e trítio, sendo ambas as formas de hidrogênio, o elemento mais abundante no universo. O deutério ocorre naturalmente, mas o trítio deve ser produzido.