O atirador decidiu invadir a festa privada aos gritos em prol de Bolsonaro depois de ganhar acesso ao circuito interno de TV
Em uma coletiva nesta tarde de quarta-feira (20), o Ministério Público do Paraná (MP-PR) anunciou o que o agente penitenciário federal Jorge Guaranho (imagem) está indiciado por homicídio doloso agravado por motivo torpe e suspeita de motivação política. Na noite de sábado (9), ele invadiu a festa de aniversário de 50 anos do guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda, que no confronto acabou baleado e morto. O motivo seria a festa, um evento fechado e privado que tinha como motivos o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula.
O PT e familiares da vítima alegaram motivação política e discurso de ódio, já que Guaranho o tempo todo citou o presidente (“Aqui é Bolsonaro!!) e tinha em alto volume no carro uma música de campanha (“O mito chegou, o Brasil acordou”). Essa hipótese foi descartada inicialmente pelas investigações. Agora o MP-PR afirma que houve uma discussão política e considera a motivação fútil por “preferência político-partidárias antagônicas”. A tipificação ficará com o juiz do caso.
A troca de tiros ocorreu depois que Guaranho foi expulso do local por ofender os presentes. Contrariado, ele buscou sua pistola de uso privado em casa. Ao voltar, começou a atirar sem provocação contra Arruda e seus convidados. O aniversariante morreu no local, mas antes baleou o invasor, que segue internado sob custódia policial no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz. Ele está fora de perigo após passar ias em um unidade de tratamento intensivo (UTI).
Premeditação
A investigação apurou que antes do crime, Guaranho estava em uma outra festa nas proximidades da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi), quando recebeu do vigia Claudinei Coco Esquarcini acesso às imagens do circuito interno de TV da entidade, da qual não fazia mais parte da diretoria. O conteúdo dessas mensagens não foi revelado, mas pode indicar alguma premeditação e até participação de terceiros. Na semana anterior, a Polícia Civil já havia qualificado o crime como torpe por oferecer perigo e falta de possibilidade de defesa para as demais pessoas na festa. As penas pelo crime podem superar 30 anos de prisão.
Uma testemunha, o também vigia José Augusto Fabri, disse que a permissão para terceiros acompanharem as câmeras não é um procedimento comum na Aresfi. Guaranho viu o que ocorria na festa ao vivo quando decidiu intimidar os presentes, que sequer conheceria. Após as autoridades descobrirem as atitudes de Claudinei Esquarcini, seu corpo foi encontrado no domingo (17). Pressionado pelas circunstâncias, ele teria cometido suicídio ao se jogar de um viaduto, na cidade de Medianeira (PR), distante 50 quilômetros de Foz do Iguaçu.
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