Por Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) – Um grupo suprapartidário de parlamentares e intelectuais, encabeçados pelo deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) e o senador Cristóvam Buarque (PPS-DF), lançou nesta terça-feira um manifesto pela unificação do chamado campo do centro.
O documento, assinado por mais de 30 nomes, faz um apelo por um “polo democrático e reformista” que se alie para evitar um segundo turno das eleições presidenciais de outubro entre os “extremos”.
Um dos idealizadores do movimento, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), afirmou que o trabalho tem de ser feito para evitar a pulverização dos votos entre várias candidaturas de centro e fez um alerta: “Quem sabe daqui a alguns meses teremos de decidir entre catástrofe e desastre?”, questionou.
Para Cristovam, mais do que um manifesto, o texto é um apelo em prol de maior discussão entre os pré-candidatos. “A bola está com os candidatos. Vamos ver como eles fazem o gol”, disse, ao ressalvar que o documento não é uma forma de “pressão”, mas sim um chamamento para se conversar sobre o futuro do país.
Na mesma linha, Pestana afirmou que “o fracionamento das forças reformistas e democráticas pode levar a um segundo turno entre os extremos. E eu acho que isso não reflete o interesse nacional”, disse Pestana a jornalistas.
“Nós queremos sensibilizar, apoiar, queremos criar fontes para os protagonistas por direito, que são os pré-candidatos e as direções partidárias, darem uma forma concreta à unidade inadiável e necessária para o futuro do Brasil”, afirmou o deputado.
Os idealizadores do manifesto devem procurar, nas próximas semanas, os nomes do chamado centro já colocados para a disputa ao Planalto e as direções partidárias –nenhum deles, com exceção do presidente do PPS, Roberto Freire, marcou presença no evento desta terça.
“Não estamos criando aqui inimigos, estamos definido posição”, disse Freire.
O manifesto, que prega princípios como a liberdade, a responsabilidade econômica e a sensibilidade social, também recebeu o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em carta lida por Betinho Gomes (PSDB-PE), o ex-presidente defendeu que o Brasil precisa recuperar a confiança no futuro.
“Não chegaremos lá voltando ao passado do autoritarismo ou ao passado mais recente do lulopetismo”, exortou.
Fernando Henrique afirmou que o país precisa de uma convergência das forças políticas que possam ter propósitos semelhantes.
“Precisa de reformas para tornar sua economia mais produtiva, seu Estado financeiramente sustentável e eficiente, mas, sobretudo, para se tornar uma sociedade mais justa, com real igualdade de oportunidades, na vida e perante a lei. Precisa de reformas para aprimorar sua democracia, não para substituí-la”, disse.
“O Brasil quer ordem, mas ordem democrática. Quer que a autoridade derive da aceitação moral dos cidadãos, não da força”, completou Fernando Henrique.