BRASÍLIA (Reuters) – O pré-candidato pelo MDB à Presidência da República e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles propôs nesta quarta-feira a criação de um fundo para estabilização do preço final dos combustíveis, e defendeu mais capital privado na Petrobras, mas não a privatização da estatal.
Ao defender que a política de preços da Petrobras obedeça a critérios como a estrutura de custos da empresa e rechaçar o controle de preços, o ex-ministro explicou que sua ideia, caso eleito, é instituir um fundo que compense as variações do preço do óleo.
“Uma coisa é o preço da Petrobras, outra é o preço na bomba”, disse, em sabatina com presidenciáveis organizada pelo jornal Correio Braziliense e pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco).
“Quando o preço do petróleo cai é o momento em que se aumenta os impostos automaticamente e esses recursos não iriam para o Orçamento Geral da União, iriam para um fundo de estabilização. No momento em que o petróleo subisse, esse fundo seria usado para compensar a queda dos impostos que também seria automática”, explicou.
Questionado, disse ser favorável a uma pulverização do capital da Petrobras, ressaltando, no entanto, ser contra a privatização da estatal no “sentido clássico”, para não se criar um monopólio privado.
“Uma proposta, poderia se evoluir a aumentar a participação privada na Petrobras, não vender a Petrobras para um, privatizar no sentido clássico da pergunta”, disse, defendendo a adoção de uma “administração profissional” da empresa. “Precisamos ter o cuidado para não criar um monopólio privado.”
Da mesma forma, disse que “com o tempo” é possível avaliar a abertura do capital da Caixa Econômica Federal. Considerou, entretanto, que “vender” o Banco do Brasil a um outro banco iria configurar um oligopólio.
“Tudo tem que ser feito com responsabilidade e tendo em vista o interesse público”, afirmou.
“HISTÓRICO PARA MOSTRAR”
Sobre a reforma da Previdência, medida que o governo do presidente Michel Temer e ele como ministro da Fazenda fracassaram em concretizar, Meirelles afirmou que é “inevitável” e que já não é mais o caso de discutir “se” será feita, mas “quando”.
O presidenciável disse cofiar que um governo eleito teria força para promover uma reforma “eficaz e justa”. Também mostrou a mesma confiança quando questionado sobre os reflexos da baixa popularidade do governo Temer em sua candidatura.
Para Meirelles, seu histórico e os resultados que alcançou na economia conferem uma vantagem competitiva em relação a quem tem apenas um “discurso” a oferecer.
“Tive um papel central no processo de reformas, no processo de condução da economia, é diferente de quem estava fora”, avaliou.
“O fato de eu ter um histórico para mostrar, uma história de sucesso quando estive no Banco Central (no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva)… quando o Brasil cresceu, acho que isso é uma vantagem e não uma desvantagem.”
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito)