Principais destinos são EUA e Portugal. Emigração de quem possui mais de R$ 5,14 milhões é pouco menor que a da Ucrânia
Ao analisar o fluxo migratório dos brasileiros que possuem patrimônio líquido nominal acima de US$ 1 milhão, o Brasil perdeu de 2,5 mil habitantes com capacidade própria de investimento, ficando na 6ª pior posição mundial. É o que revela um estudo amostral da plataforma CupomValido, a partir de dados da Statista e Henley Global sobre a migração de milionários em 2022. O estudo não dá um perspectiva de quantos podem ir embora até o final dio ano.
A migração de populações de classe média alta e alta entre países é um excelente barômetro para medir a saúde de economias. Por geralmente possuírem maior escolaridade e mobilidade, os indivíduos com investimentos com liquidez a partir de R$ 5,13 milhão – não incluídas propriedades, veículos ou artefatos – conseguem emigrar com maior facilidade. O baixo nível de criminalidade, impostos competitivos, oportunidade de negócios e robustez econômica são alguns dos fatores para a escolha de um novo país para viver e trabalhar.
Os que mais ganharam
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) é o país que mais atrai milionários. Antes da pandemia, recebia em média de 1 mil por ano. Porém, em 2022 atraiu cerca de 4 mil endinheirados.
Alguns dos principais fatores que fazem com que os indivíduos se mudem para os EAU são: forte economia, impostos competitivos, mercado crescente em diversos setores, como o imobiliário, petrolífero e turístico.
Em segundo lugar está a Austrália, com um aumento de 3,5 mil milionário este ano. Como fatores de destaque há também o sistema de saúde universalizado e eficiente e a grande presença de imigrantes.
Por fim, a pequena Singapura fica em terceiro lugar, com um fluxo positivo de 2,8 mil milionários, sendo o país mais atraente do leste asiático .
Os que mais perdem
Com o temor das consequências da guerra, a Rússia é o país que viu 15 mil de seus 100 mil milionários fazerem as mala em 2022.
A China e a Índia ficam em segundo e terceiro lugar, com a emigração de 10 mil e 8 mil pessoas, respectivamente. Por causa das seguidas ondas de protestos e constante repressão chinesa, Hong Kong está em quarto lugar, com 3 mil. A Ucrânia, em quinto, perdeu 2,8 mil nacionais, o que representa uma queda mais do que preocupante de 42% entre a população abastada.
Mais próspero, o Brasil, perdeu 2% dessa população. Os principais destinos dos brasileiros milionários são Estados Unidos e Portugal.
O fenômeno não é novidade por aqui e possui uma faceta muito mais ampla e até nociva. O Brasil foi o país que mais perdeu capacidade de investimento pessoal, segundo um levantamento do banco Credit Suisse. Junto com a crise, 108 mil pessoasviram seus investimentos caírem abaixo de US$ 1 milhão. O resultado é quase o dobro do registrado na Índia, o segundo maior perdedor de milionários no ano (66 mil).
Onde estão os ricos do Brasil?
Segundo o cálculo mais recente da FGV Social, em 2019 o Distrito Federal (DF) estava no topo do ranking de renda média anual declarada, com R$ 11.994,05. Na sequência vinham Rio de Janeiro, com R$ 9.798,18; e São Paulo, com R$ 9.341,41. No DF, o patrimônio líquido médio declarado à Receita no Imposto de Renda naquele ano foi de R$ 317.198,71. No Rio de Janeiro, R$ 329.278,64; em São Paulo, de R$ 373.974,43.
Segundo a FGV Social, os dados da Receita Federal permitem captar com mais propriedade a renda dos mais ricos brasileiros do que os dados de pesquisas domiciliares, tradicionalmente usados em estudos sobre a pobreza e desigualdade. Dessa forma, para fins de levantamento, foram desconsideradas as rendas informais.