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Resgatando um herói de infância: Tintim

Em minha convalescência da cirurgia de quadril, saí de casa pela primeira vez no dia de ontem (onze dias no estaleiro). Enquanto fiquei trancafiado aqui, aproveitei o tempo para dar uma olhada em livros antigos e revistas velhas. Topei com a coleção de quadrinhos desenhada pelo belga Hergé: as aventuras de Tintim. A primeiro fascículo colorido desta série surgiu 80 anos atrás (antes, todos eram publicados em preto e branco e o primeiro foi lançado há 92 anos).

Era absolutamente fissurado por essa coleção – na minha infância, vinha em capa dura, ao contrário das edições mais recentes. A combinação de títulos e imagens na capa era perfeita e sugeriam uma história cheia de aventura. Além disso, o protagonista era um rapaz com shape de adolescente (e, para mim, o personagem tinha um bônus: era repórter de um jornal).

Durante algum tempo, os politicamente corretos fizeram questão de trabalhar contra essa série. Disseram que o autor tinha sido colaboracionista com os nazistas durante a Segunda Guerra (como foram praticamente todos os cidadãos belgas, moradores de um país praticamente desmilitarizado) e que a visão difundida sobre determinados povos era bastante preconceituosa (algo comum nas décadas de 1930 a 1960, quando esses quadrinhos foram produzidos).

Não consigo ser sensível a esses argumentos. Entre a infância e adolescência, lia historietas de um jovem que vencia o mal usando apenas sua inteligência e astúcia, acompanhado de um cachorrinho e de um capitão do mar trapalhão e chegadíssimo em uma birita. Há um desfile de personagens secundários fantásticos: a cantora Castafiore, o surdo professor Girassol, o vilão Rastapopulos e a dupla de detetives Dupont e Dupond (em inglês, o nome dos dois, “Thompson Twins” serviu para batizar um trio de música pop que fez sucesso nos anos 1980).

Os títulos dos livros eram convidativos e intrigantes: “O Cetro de Ottokar”, “Os Charutos do Faraó”, “Vôo 714 para Sidney”, “O Segredo do Licorne”, “Perdidos no Mar” e “As Joias da Castafiore”. Li alguns nesses últimos dias, me deliciando a cada página. Não tem o que fazer neste domingão? Vá até uma livraria e compre logo meia dúzia. Diversão garantida.

Ah, tenho algumas miniaturas aqui em casa: o foguete de “Rumo à Lua” e um carrinho amarelo, com Tintim, Milu e o Capitão Haddock. Eles estão guardados ao lado de brinquedinhos que me lembram a infância, como o robô de “Perdidos no Espaço”, o intercomunicador de “Jornada nas Estrelas” e o Batmóvel. Você não tem esses ícones que te colocam em sintonia com sua infância? Recomendo comprar alguns. Faz um bem danado – mesmo que seja por alguns segundos.

Cantinho das recordações de infância em minha casa
Em destaque, o carrinho de Tintim e o foguete no qual ele viaja à Lua

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