Em grupo de WhatsApp, apoiadores de Bolsonaro defenderam tropas na rua e atacaram imprensa e STF
Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) cumpre desde o início da manhã desta terça-feira (23) mandados de busca contra empresários que, em um grupo de WhatsApp, defenderam um golpe de Estado dos militares caso o ex-presidente Lula vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de outubro. Os investigados serão ouvidos pela PF, que pediu autorização ao ministro para agir. A ação é conduzida no âmbito do enfrentamento das milícias digitais bolsonaristas que ameaçam o STF e defendem uma ruptura com a democracia caso seu candidato não permaneça no poder pelo voto.
O caso foi divulgado em primeira mão na coluna do jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, na quarta-feira (17), sob a manchete: “Exclusivo. Empresários bolsonaristas defendem golpe de Estado caso Lula seja eleito; veja zaps”. As mensagens foram vazadas por diferentes integrantes do grupo, batizado de “Empresários & Política”, mas que não inclui só donos de empresas.
Entre os alvos estão Luciano Hang, da Havan; José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; André Tissot, do Grupo Serra; Meyer Nigri, da Tecnisa; Marco Aurélio Raimundo, da Mormai; e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu.
Além das buscas, Moraes determinou bloqueio das contas bancárias dos empresários; bloqueio das contas dos empresários nas redes sociais; tomada de depoimentos; e quebra de sigilo bancário. As buscas são feitas em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
Os outros lados
O empresário José Koury, afirmou ao UOL por meio de nota: “Não somos conspiradores nem a favor de nenhum golpe” e que “As mensagens obtidas em um grupo privado de amigos do WhatsApp foram deturpadas em seu sentido e contexto.”Ao Metrópoles, José Koury afirmou não defender um golpe, mas que “talvez preferiria” a ruptura a uma volta do PT.
Ao G1, Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, afirmou que não apoiará qualquer “ato ilegítimo, ilegal ou violento”.
Também ao G1, Meyer Nigri disse que pode “ter repassado algum WhatsApp” que recebeu, o que não significa que concorde.
Afrânio Barreira divulgou nota no qual afirmando que ações que visem a romper com a democracia não correspondem ao seu pensamento.
Na semana passada, logo após a divulgação, Luciano Hang concedeu entrevista à Folha de S.Paulo, quando disse que quase nunca se manifesta naquele grupo e em momento algum falou contra os Poderes. “Me envolvem em toda polêmica possível, mesmo eu não tendo nada a ver com a história”, disse Hang. “Sou pela democracia, liberdade, ordem e progresso.”
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