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Ciro defende um vago liberalismo keynesiano

Pedetista apresentou soluções que podem aliviar pobreza, mas desconsideram o peso do Congresso e as alternativas ao crescimento

Segundo candidato recebido no Jornal Nacional, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) foi entrevistado ao longo de 40 minutos por William Bonner e Renata Vasconcellos, na noite desta terça-feira (23). “Palavroso” em suas explicações – conforme se definiu -, ele foi desenvolto nas suas proposições mais complexas e criticou abertamente o presidencialismo de coalizão, que coloca o chefe do Executivo refém do fisiologismo partidário para garantir a reeleição – da qual jurou abrir mão. Para solucionar o atual atoleiro político na qual parte do eleitorado tenta se livrar de Bolsonaro recolocando Lula no poder, contra os que querem a permanência do mandatário, Ciro propõe o emprego de plebiscitos para impasses – já que sua chapa carece de apoio. Questionado se esta solução não se parecia com a adotada pela Venezuela, onde a democracia representativa foi desidratada, afirmou se espelhar na Suíça.

Criticando o início dos governos de Lula e FHC, disse que os ex-presidentes perderam os 6 meses iniciais paralisados, justo quando deveriam ter agido com rapidez e firmeza para realizar reformas. Atitudes que ajudaram a sedimentar a paralisação vivida agora. E que a solução de governança de Bolsonaro, com as emendas de relator, praticamente institucionaliza a corrupção.

Para o combate à miséria, Ciro defende um novo programa de auxílio e impostos sobre grandes fortunas – “calibrado com o IOF”, enfatizou – para garantir a sobrevivência das famílias mais pobres, de acordo com uma fórmula complexa impossível de ser checada no momento, mas que claramente é vinculada a um certo estado de bem-estar social de matriz keynesiana a ser tentado em um país de recursos já comprometidos por uma ineficaz máquina pública. O vago modelo de governança defendido pelo presidenciável só não prevê como negociar com o Congresso. Assim como ficou em aberto o principal para o eleitor, que é como melhorar emprego e renda a partir da iniciativa privada que afirma defender e querer estimular, muito menos disse como ou se vai cortar algum tributo ou tentar estabelecer um ambiente saudável ao desenvolvimento. Em sua quarta tentativa à Presidência, enfatizou mais de uma vez: “Peço essa oportunidade”.

O que deixou de ser perguntado

  • Privatizações;
  • Reestatização da Petrobras, que já defendeu;
  • De onde sairão os recursos para o novo pacotão social;
  • Como a classe produtiva será atendida.

Após Ciro, serão entrevistados os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na quinta (25), e Simone Tebet (MDB), na sexta (26). Jair Bolsonaro (PL) participou na segunda-feira (22). As datas e a ordem das entrevistas foram definidas em sorteio, em 1º de agosto, com representantes dos partidos.

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