Pesquisa da McKinsey mostra os receios e expectativas de pequenos e grande produtores
A consultoria McKinsey foi a campo e ouviu mais de 5,6 mil agricultores em nove países, incluindo mais de 2 mil produtores brasileiros para entender o atual cenário global de transformação. Foi o terceiro ano da pesquisa, que permitiu comparar produtores brasileiros com suas contrapartes de outros países. As duas primeiras pesquisas foram debatidas em webinares organizados pelo centro Insper Agro Global.
Os resultados mostraram que, na média, os brasileiros são os que mais utilizam técnicas sustentáveis, com a adoção em larga escala de plantio direito e controle biológico. Eles também se destacam pelo uso de canais online para a compra de produtos agrícolas – apesar da queda das interações digitais em relação ao pico observado na pandemia. O aspecto negativo é o baixo emprego de créditos de carbono – apenas 6%, contra 12% na Europa.
Um dos responsáveis pelo estudo, o sócio-sênior da McKinsey em São Paulo, Nelson Ferreira (imagem), afirmou que agricultores do país continuam mais digitalizados do que americanos e europeus, com uma taxa em torno de 40%. “Na realidade não temos só uma agricultura brasileira. Temos múltiplas agriculturas brasileiras, com diversos segmentos, cada um com suas características. Os menores, especialmente no Sul do Brasil, que tinham um índice de digitalização de 25% a 30%, subiram para 40%. Já os grandes fazendeiros do Cerrado e do Matopiba, já estavam em 45% e caíram um pouco, para 40%. Houve, portanto, uma estabilização. O terceiro ponto é o otimismo. A pesquisa foi feita entre fevereiro e abril, época de preços muito altos, até mesmo pela guerra na Ucrânia”, disse.
Ferreira atenta para as preocupações com a inflação. “Desde março e abril, os preços de produtos como milho, trigo e açúcar caíram, mas os insumos continuam altos. Sustentabilidade é outra preocupação enorme porque o agricultor brasileiro está cada vez mais pressionado, mesmo que a maioria já aplique técnicas de agricultura regenerativa. O mundo precisa da proteína brasileira, mas precisamos também de soluções que permitam um tipo de reflorestamento. Em relação à produtividade, num cenário de mudanças climáticas e interrupção de cadeias produtivas, o desafio é produzir mais com menos”, completou.