Durante o DDB, o psicólogo econômico alertou para os riscos e benefícios da inteligência artifical, que reforça comportamentos culturais e de consumo
O prêmio Nobel de Economia, Daniel Kahneman, autor dos best-sellers “Rápido e devagar: Duas Formas de Pensar” e “Ruído: Uma falha no Julgamento Humano”, compartilhou suas experiências e a aplicação de seus estudos em economia comportamental, principalmente nos processos e estímulos à tomada de decisões e como tudo pode sofrer interferência dos algoritmos direcionados. Seus estudos abordam como o emocional muitas vezes domina as iniciativas em campos que exigem frieza e cálculo, como as finanças. O psicólogo e professor israelense foi uma das estrelas do Data Driven Business (DDB), evento sobre big data e inteligência artificial este anos centrado em “Transforme dados em visão de futuro”, que ocorreu no WTC, nesta terça-feira (30), em São Paulo.
Para Kahneman, hoje todo e qualquer iniciativa que exige algum nível de aprendizado prévio esbarra na inteligência artificial das redes, com seus algoritmos direcionados para os seus perfis de buscas. O resultado é uma retroalimentação. As pessoas só esbarram na redes com opiniões e informações baseadas em suas percepções anteriores, que por suas vez alimentam o viés dos algoritmos. Quem é a favor da pena de morte ou racista, ainda que de modo velado, vai a todo momento se deparar com tais assuntos enquanto navega, reiterando suas posições.
Fake news
Os viéses dos algoritmos podem ser perigosos, pois impedem o acesso às informações fora da zona de interesse da cada um. “Essas pessoas não obtêm informações que estão fora da sua bolha”, disse. O resultado pode ser visto na polarização política vivida nos Estados Unidos – e no Brasil -, com ampla disseminação e sofisticação das fake news, um fenômeno novo que afeta a integridade das democracias.
Felizmente a inteligência artificial não é um vilão todo o tempo. Os testes com veículos autônomos jamais seriam possíveis sem um algoritmo com viés para a tomada de decisões. O mesmo vale para foguetes espaciais reaproveitáveis e até para detecção de fake news. Tudo depende dos seres humanos e de como eles querem se valer da tecnologia.
Também participaram do evento Anindya Ghose, professor na Heinz Riehl Chair, diretor na NYU Stern School of Business, e autor de “TAP: Unlocking The Mobile Economy” (em português, “Desbloqueando a economia móvel”), e Bruno Aziza, head de Data Analytics do Google Cloud. Além dos palestrantes principais, participam do DDB o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, e o diretor de data analytics, Ricardo Raposo; o CEO da Neoway, Kadu Monguilhott, e CTO Rodrigo Barcia; o diretor executivo Eurasia Group nas Américas, Christopher Garman; o CEO do Banco Genial, Rodolfo Riecher; a CEO do Fleury, Jeane Tsutsui; o CEO da LATAM Airlines Brasil, Jerome Cadier; o conselheiro do Bradesco, Maurício Minas; o head do Google Cloud no Brasil, Marco Bravo; a ex-presidente e conselheira da Stefanini, Mônica Herrero; e o conselheiro do Fleury, Márcio Mendes. Este é o quinto evento DDB, e o primeiro desde que a Neoway passou a ser integrar a B3.