Por Thu Thu Aung e Yimou Lee
YANGON (Reuters) – Dois repórteres da Reuters acusados em Mianmar de possuir documentos secretos foram submetidos à privação de sono e perguntados se eram “espiões” durante interrogatórios da polícia, apontaram os advogados de defesa durante perguntas destinadas a uma testemunha policial.
Ao questionar o capitão de polícia Myint Lwin em um tribunal de Yangon, o advogado de defesa Than Zaw Aung perguntou se ele sabia que os dois repórteres “não foram autorizados a dormir” por três dias consecutivos durante a investigação inicial da polícia após sua detenção em 12 de dezembro.
Ele também perguntou à testemunha se o repórter Kyaw Soe Oo foi “forçado a se ajoelhar” no chão por mais de três horas durante o interrogatório dos investigadores.
No caso que se tornou um marco para a liberdade de imprensa, o tribunal em Yangon promove audiências desde janeiro para decidir se Kyaw Soe Oo, de 28 anos, e seu colega da Reuters Wa Lone, de 32 anos, serão acusados sob o Ato de Segredos Oficiais, da era colonial do país. As ofensas podem chegar a uma pena de 14 anos na prisão.
O capitão Myint Lwin, oficial no comando da delegacia de polícia em Yangon que conduziu as investigações preliminares depois que a dupla foi presa, negou que os repórteres foram privados de sono ou obrigados a se ajoelhar, dizendo que policiais não são autorizados a fazer “tais coisas” sob seu comando.
Ele também negou que os repórteres tenham sido enviados a um local especial de interrogatório depois de suas prisões, dizendo que eles ficaram detidos na delegacia de polícia no norte de Yangon até que sua equipe finalizasse a investigação preliminar e passasse o caso para uma unidade de investigação criminal no dia 26 de dezembro.
(Reportagem de Thu Thu Aung, Yimou Lee, Aye Min Thant e Poppy Elena McPherson)