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O ringue da claque ensandecida

Bolsonaristas tentam intimidar jornalistas e opositores na frente de câmaras. O palco preferido são os bastidores dos debates

O que era para ser apenas um debate para o pleito paulista, virou pesadelo na noite noite desta terça-feira (13). A jornalista Vera Magalhães foi alvo de agressões verbais e intimidações por parte de bolsonaristas na área de circulação destinada aos acompanhantes dos candidatos no evento promovido pelo pool da TV Cultura, jornal Folha de S.Paulo e portal UOL, no Memorial da América Latina, na zona oeste da capital paulista. O político agressor da vez foi o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos), que como consequência foi proibido de participar dos próximos encontros pelo candidato a governador de sua chapa, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Vera Magalhães saiu escolta do local.

Foi um repeteco. No debate dos presidenciáveis, na noite de 28 de agosto, Magalhães foi alvo de comentários machistas do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao fazer uma pergunta. Naquela mesma noite, na área de circulação da Band, os candidatos a deputado federal do PL por São Paulo e Minas, Ricardo Salles e Nikolas Ferreira, quase saíram no braço com o deputado federal André Janones (Avante), que apoia Lula (PT). Também participaram da altercação o deputado Sérgio Camargo (PL-SP) e o candidato Adrilles Jorge (PTB-SP). Camargo foi o presidente da Fundação Palmares que nega políticas inclusivas e discorda do racismo, enquanto o comentarista Jorge fez um gesto associado ao nazismo ao vivo.

O Ministério Público Estadual (MP-SP) abriu uma queixa contra Douglas Garcia nesta quarta-feira (14). Os deputados estaduais Emídio de Souza e Paulo Fiorilo, ambos do PT vão pedir na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) a cassação do parlamentar por sua postura incompatível com o estado democrático de direito. Até o fim do dia, mais cinco pedidos foram apresentados à Alesp. Está não foi a primeira confusão abusiva que Garcia criou.

Quem é Garcia

Antes de entrar para a política, Douglas Garcia era ativista e líder da Direita São Paulo, que mudou de nome para Movimento Conservador para atuar nacionalmente. O grupo é contra leis de imigração, aborto, legalização de qualquer droga hoje ilegal e pede a revogação do Estatuto do Desarmamento, entre outras pautas. Também criou o bloco de carnaval Porão do Dops (alusão ao Departamento de Ordem Política e Social, que funcionava como centro de tortura durante a ditadura). O bloco foi proibido pela Justiça de sair às ruas no Carnaval de 2018.

Durante a pandemia, Garcia foi crítico às medidas de isolamento social colocadas em prática pelo então governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O deputado também é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura ataques digitais à Corte. A investigação mira empresários, políticos e influenciadores ligados ao presidente. Em 2021, ele foi condenado a indenizar pessoas que tiveram seus nomes divulgados nas redes sociais em um dossiê supostamente antiesquerdista. Boa parte dos incluídos eram mulheres que tinham em comum apenas o fato de serem tatuadas. O político assumiu ser gay em 2019, mas é contrário a qualquer política afirmativa, que classifica como “ideologia de gênero”.

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