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Um macarthismo empresarial?

Ontem, as redes sociais se agitaram em torno de um vídeo no qual um empresário de Minas Gerais dizia o seguinte: “você tem de evitar aquele funcionário de esquerda que fica fazendo política dentro da sua empresa”. Bem, uma empresa é uma entidade privada e seus donos, em tese, podem contratar quem quiserem. Mas, em um mundo cada vez mais politicamente correto e inclusivo, criar categorias de trabalhadores que podem ou não ser contratados é algo que pode se transformar em uma enorme dor de cabeça.

Segundo uma pesquisa do Datafolha de julho, 49 % dos brasileiros têm posições identificadas com a esquerda. Outro estudo, do Ipec, divulgado há três dias, mostra que 26 % dos cidadãos se dizem esquerdistas e 38 % são considerados progressistas na seara dos costumes (uma característica comumente atribuída à esquerda).

Como se vê, há um contingente significativo de pessoas que podem ser consideradas esquerdistas entre a população. Se as retirarmos do universo de trabalhadores empregáveis podemos ter sérias dificuldades para captar talentos.

No mundo dos recursos humanos, a capacidade profissional de cada colaborador é algo que pode ser avaliado sem que se inquira qual é a ideologia dos trabalhadores. Já convivi com pessoas ultra capacitadas de direita ou de esquerda – e também já avaliei profissionais muito ruins que pertenciam aos dois lados do espectro ideológico.

Além disso, a definição de esquerda pode ficar restrita apenas à economia e à política. Ou agregar elementos ligados ao comportamento. Há quem defina esquerdismo apenas usando como parâmetro as posições pessoais de cada um em relação a aborto e armas. Outras, no entanto, analisam apenas se a pessoa defende o capitalismo ou o socialismo. Ou se são sindicalistas. Como se vê, o grau de subjetividade neste tipo de avaliação pode ser enorme – e isso só torna uma eventual peneira ideológica um risco gigantesco para a imagem pública das empresas

Se as companhias caírem na armadilha de promover uma espécie de “macarthismo empresarial” (uma versão da perseguição aos comunistas da área do entretenimento promovida pelo senador Joseph McCarthy – imagem — nos anos 1950), podem entrar rapidamente para o limbo dos cancelados. As redes sociais são impiedosas com empresas que promovem algum tipo de segregação – e, neste sentido, contratar apenas colaboradores de direita e de centro é flertar irresponsavelmente com o desastre.

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