Alvo de mandado de prisão, Dirceu Santos Frederico Sobrinho é o dono de uma carga de 77 quilos de ouro apreendida em maio
Identificado em uma blitz de rotina da Polícia Militar, o empresário de garimpo Dirceu Santos Frederico Sobrinho (imagem) foi detido neste domingo (18), em Moema, zona sul de São Paulo. Ele é alvo de uma ordem de prisão temporária de cinco dias emitida pela Justiça Federal em Rondônia por suspeita de extração ilegal de ouro em terras indígenas na Amazônia. Ele pode ter cometido crimes de usurpação de bens da União, receptação dolosa e dano ambiental. O processo corre em sigilo.
Santos Frederico é presidente da Associação Nacional do Ouro (Anoro) e sócio da distribuidora de valores FD Gold, instalada na Avenida Paulista. Ele foi encaminhado à carceragem da Polícia Federal em São Paulo.
A PF já estava atrás dele e a pressão só aumentou depois que 77 quilos de ouro avaliados em R$ 23 milhões foram encontrados no interior de São Paulo, em 4 de maio. O metal precioso era transportado por seis homens, três deles policiais militares, sendo que dois atuavam no Gabinete Militar (o tenente-coronel Marcelo Tasso e o sargento Gildsmar Canuto). O órgão é encarregado da defesa civil e da segurança do governador de São Paulo e do Palácio dos Bandeirantes. A carga chegou em um bimotor King Air ao Aeroporto Estadual de Sorocaba e foi interceptada a caminho da capital, no pedágio do Km 74 da Rodovia Castelo Branco, no município de Itu, depois de levantar suspeitas das autoridades aeroportuárias.
Apesar de haver documentação, a suspeita é que o ouro tenha vindo de reservas indígenas localizadas no Mato Grosso e no Pará. Na ocasião, o empresário afirmou que o ouro era transportado para a FD Gold e negou qualquer irregularidade.
Só que há suspeitas mais antigas. Em 2021, o Ministério Público Federal (MPF) pede a suspensão das atividades da FD Gold e o pagamento de compensações e indenizações de mais de R$ 3,26 bilhões. O MPF alega que entre 2019 e 2020, a distrbuidora comercializou ao menos 1.370,2 quilos de ouro de origem ilegal extraído das terras indígenas dos povos kayapó e munduruku, nos municípios paraenses de Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso.
As alegações do MPF são fundamentadas por um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais que mostra que nos locais apresentados como de origem do minério não há lavras ativas, conforme imagens de satélite. Nessas áreas haveria apenas “permissões de lavra garimpeira inexploradas, temporalmente vencidas ou não ainda emitidas”.
O empresário mantém laços com o governo, sendo recebido em pelo menos duas ocasiões pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, em 26 de setembro de 2019 e em 24 de janeiro de 2021.
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