Pesquisa da Universidade de Aalto, na Finlândia, argumenta que mudança levaria a uma maior disponibilidade de alimentos para humanos
Um estudo publicado pela revista Nature Food garante que, se a dieta de animais de fazenda e pisciculturas for alterada, 1 bilhão de pessoas a mais poderão ser alimentadas do que hoje. Isso ocorre porque o gado e os peixes criados para consumo humano são alimentados com cereais, leguminosas e até peixes que poderiam ser usados para alimentar humanos.
Segundo as Nações Unidas, países como Etiópia, Somália, Iêmen, Haiti , Sudão do Sul e Madagascar estão passando por crises alimentares que colocam em risco a vida de milhões de pessoas. Nesse cenário, onde a produção de carne também representa 14% das emissões de gases de efeito estufa e as fazendas consomem porcentagens elevadas da água, uma mudança de paradigma se torna imperativa e até moralmente inevitável.
Dentro dessa lógica, a pesquisa, desenvolvida por especialistas da Universidade Aalto da Finlândia, sustenta que, em todo o mundo, 49% da ração utilizada na piscicultura, 68% da ração consumida pelas aves e 38% que alimenta os porcos é composta por comida que poderia estar na mesa das famílias. Das 6 milhões de toneladas de ração animal, 15% poderiam ser consumidos diretamente por humanos.
Isso significaria um aumento no fornecimento global de calorias em 13% e, em termos de proteína, em 15%. Em troca, os animais poderiam ser alimentados com palha, folhas, beterraba sacarina, sementes e restos não consumíveis por humanos, como ossos. “Muitos desses produtos simplesmente apodrecem nos campos ou são jogados fora”, afirmou Vilma Sandstrom, uma das autoras do estudo.
Em última análise, a proposta dos especialistas finlandeses é manter a produção de peixe e carne e, através de uma mudança na política de alimentação animal, disponibilizar mais alimentos para as pessoas. Entre outros números, especialistas afirmam que 17 milhões de toneladas de pescado seriam deixadas livres para serem consumidas por humanos e não por animais, assim como até 26% da produção total de cereais.
Um estudo anterior da mesma universidade argumentou que cortar o desperdício de alimentos pela metade aumentaria a oferta de alimentos no mundo em 12%.