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Amazônia concentra 92% dos garimpos brasileiros 

A atividade ocorre em grande parte em áreas de proteção permanente e indígenas

Estudo da rede MapBiomas revelou que 91,6% das áreas ocupadas pelo garimpo no Brasil entre 2010 e 2021 se encontram na Amazônia Legal. Áreas de proteção ambiental e terras indígenas foram as principais atingidas, com crescimento de 352% e 632%, respectivamente. Ao todo, a devastação provocada pelo garimpo na Amazônia passou de 99 mil hectares em 2010 para 196 mil hectares em 2021. A área, que corresponde a quase 2 mil km², é maior do que a ocupada pela cidade de São Paulo, que tem 1,5 mil km². A MapBiomas reúne esforços de ONGs ambientais para monitorar as áreas naturais brasileiras,

O Pará e o Mato Grosso foram recordistas em área devastada pelo garimpo: foram 113,7 mil hectares devastados em território paraense e 59,6 mil hectares em terras mato-grossenses. Juntos, Pará e Mato Grosso representam 71,6% das áreas mineradas no país ao somar a mineração industrial e a atividade garimpeira. Considerando apenas o garimpo, o percentual sobe para 91,9%. São 113.777 hectares de garimpo no Pará e 59.624 hectares no Mato Grosso.

Área de mineração (somando a industrial e o garimpo) por bioma em 202 — Foto: MapBiomas

“A série histórica mostra um crescimento ininterrupto do garimpo e um ritmo mais acentuado que a mineração industrial na última década, além de uma inequívoca tendência de concentração na Amazônia, onde se localizam 91,6% da área garimpada no Brasil em 2021”, explica Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento.

Essa concentração do garimpo na Amazônia, de acordo com o especialista, é em grande parte clandestina. “O garimpo amazônico não necessariamente é legalizado. Ele ocorre em grande parte em terras de proteção permanente e indígenas, onde a existência de garimpo é vedada constitucionalmente. Já do lado de fora, é necessário que o garimpo possua licença para atuar, o que nem sempre é o que acontece”.

Além de temer pelo impacto dentro da floresta Amazônica, Cesar Diniz alerta que o crescimento do garimpo também afeta pessoas de fora das regiões diretamente atingidas. “O garimpo amazônico é feito com desmatamento, seguido da escavação do solo, seguido da injeção de mercúrio. Como o mercúrio é um componente químico que se acumula na cadeia alimentar, as pessoas que nem garimpeiras são acabam correndo o risco de ingerir uma concentração de mercúrio maior do que a indicada pela Organização Mundial da Saúde”, explica.

Territórios indígenas

O levantamento apontou que a expansão garimpeira na Amazônia foi mais intensa em áreas protegidas, como territórios indígenas e Unidades de Conservação. Entre 2010 e 2021, as áreas de garimpo em terras indígenas cresceram 632%, ocupando quase 20 mil hectares no ano passado.

A terra indígena mais explorada foi a Kayapó, na qual 11.542 hectares foram tomados pelo garimpo até 2021. Em seguida vem o território Munduruku, com 4.743 hectares, a terra Yanomami, com 1.556 hectares, a Tenharim do Igarapé Preto, com 1.044 hectares, e o território Apyterewa, com 172 hectares.

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