Disputa apertada teve 20% de abstenção e contrariou as últimas pesquisas, que davam desvantagem de 14 pontos ao presidente, com possibilidade de vitória petista no 1º turno
Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) vão disputar a vaga ao Palácio do Planalto no próximo 30 de outubro, no segundo turno das eleições. Lula recebeu mais de 56,9 milhões de votos, com 48% dos votos válidos. Jair Bolsonaro (PL) obteve quase 51 milhões, perfazendo 43% dos votos válidos.
Conforme apontavam as pesquisas, havia uma grande indefinição se a eleição acabaria no primeiro turno. O resultado representa uma frustração para a esquerda e um novo ânimo aos bolsonaristas, que vão agora para o tudo ou nada, mesmo com 5 pontos percentuais de desvantagem. Nas últimas pesquisas do Ipec e Datafolha, a distância era de 14 pontos.
Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro são os dois maiores líderes populares das últimas décadas no Brasil — provocando, ao mesmo tempo, idolatria e rejeição de parcelas significativas de eleitores. A polarização impediu o crescimento de alternativas como Simone Tebet (MDB), que assumiu a terceira colocação, sem necessariamente ser uma representante da terceira via. Ela somou 4% dos votos, superando Ciro Gomes (PDT), que angariou 3%.
O que destoou foram os 20% de abstenções, perfazendo quase 32 milhões de votos, além 2% de nulos (3,4 milhões) e 1,2% de brancos (1,2 milhão).
Pronunciamentos
Em um hotel na capital paulista, Lula afirmou que a política nacional vive um momento histórico, com um segundo turno acirrado para presidente, assim como na disputa por São Paulo. O petista revelou que o momento é de composição. As articulações do PT devem ser auxiliadas pelo candidato a vice na chapa, Geraldo Alckmin (PSB).
Bolsonaro afirmou que irá participar das próximas sabatinas. Ela admitiu que seu desempenho foi fruto do descontentamento dos mais pobres e que sua campanha deve tentar alcançar este público. Ele voltou a insistir que a recessão econômica de seu governo foi fruto da política de isolamento social durante o auge da pandemia. Ele também disse que sua campanha “venceu a mentira”, citando as pesquisas que o colocavam com um desempenho pior do que o obtido nas urnas, citando diretamente Datafolha.
A candidata Simone Tebet (MDB) anunciou que irá se posicionar sobre o segundo turno nas próximas 24 horas. “Eu já tomei minha decisão e vou aguardar a presidência do meu partido para poder anunciar”. Ciro Gomes (PDT), em um rápido pronunciamento, afirmou que pretende reavaliar com a direção do partido o caminho a ser adotado, diante do impasse político para o segundo turno.