Fernando Henrique Cardoso é conhecido pela vaidade intelectual e pela sua preocupação em entrar para a história como o grande estadista brasileiro. Esse traço, que não é de todo negativo, o leva a seguir liturgias ainda pouco seguidas no Brasil. Após as eleições de 2002, fez questão de fazer uma transição impecável para Lula. Fora do cargo, adotou o papel, comum a ex-presidentes americanos, de ser comentarista dos grandes temas nacionais, como legalização de drogas, e se mantém afastado das comezinhas disputas partidárias. A postura, que é louvável, ressalte-se, guarda uma grande contradição – além de ex-presidente, FHC é presidente de honra do PSDB. Em 2018, sua atuação pública tem sido, no mínimo, incômoda para o partido. Primeiro ele tentou emplacar o “outsider” Luciano Huck como candidato tucano. Agora, atua para indicar Marina Silva (Rede) como a candidata de uma grande coalizão de partidos do centro. No meio de tudo isso, onde fica Geraldo Alckmin, tucano de carteirinha e que há mais de uma década tenta se tornar presidente?