Em um debate que destoou pelo nível elevado, candidatos de Bolsonaro e Lula repassaram dados e suas visões de como deve ser um governo
O primeiro debate do segundo turno ao governo de São Paulo entre o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), foi de nível mais elevado que os anteriores, principalmente entre os presidenciáveis. Ainda que bem municiados de argumentos e números, no confronto televisionado pela TV Bandeirantes, na noite desta segunda-feira (10) ambos passaram praticamente todas as perguntas e respostas esgrimindo temas ligados aos candidatos majoritários Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT), reproduzindo a polarização ao Executivo nacional. Na hora da crítica mais ácida, Haddad reforçava que o adversário conhece pouco do estado, enquanto Tarcísio rebatia que o petista só falava dos governos passados de Lula.
Haddad criticou o orçamento secreto aprovado pelo governo federal e as faltas e gafes sucessivas do governo Bolsonaro, enquanto Tarcísio se fixou na pauta liberal e nas críticas aos erros petistas. Não houve arroubos, interrupções ou desrespeito, com ambos se apresentando com estilos parecidos e afiados no treinamento com suas assessorias. Haddad se mostrava como um formulador de políticas públicas e Tarcísio, como um engenheiro tecnocrata conhecedor dos meandros regulatórios e criador de parcerias. Só um ponto ficou aberto em desfavor de ambos. Faltaria tempo de mandato e orçamento estadual para que qualquer um deles fazer tudo a que se propuseram.
O candidato do Republicanos defendeu o investimento de mais recursos às Santas Casas do estado, deixando claro que trabalhará ao lado do governo federal. Disse ainda que pretende utilizar a capacidade máxima dos hospitais para evitar que os pacientes precisem se deslocar para cidades distantes para realizar exames. “O que a gente precisa discutir, e que é urgente, é a política de pronto-socorro de porta fechada”, disse.
O petista pretende medidas como a criação de um fundo emergencial para combate à fome de pessoas em situação de vulnerabilidade, cotas nos programas habitacionais, atendimento com locação social e auxílio aluguel até a requalificação profissional. “Para cada situação, você vai oferecer soluções e vai pedir para os assistentes sociais, a comunidade e a sociedade civil que indiquem o melhor caminho para resolver o problema. O que não pode é entrar e sair governo e o estado não assumir essa responsabilidade”, disse Haddad.
Pesquisas
O resultado do primeiro turno foi favorável a Tarcísio, que venceu com 42,32% dos votos, ante 35,7% de Haddad. Desde então, o ex-ministro bolsonarista que começou na vida pública como técnico do governo Dilma se manteve à frente nas pesquisas de intenção de voto. O resultado surpreendeu, já que o petista aparecia na liderança em todos os levantamentos regionais. Na última pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira (7), Tarcísio apareceu com 50% das intenções de voto, enquanto Haddad teve 40%. Brancos, nulos e indecisos somaram 10%.