Presidenciáveis tentaram se conter, mas o formato mais livre permitiu trocas de farpas e acusações. A palavra mais ouvida foi “mentiroso”
No primeiro debate sem coadjuvantes, realizado pelo pool formado pela TV Bandeirantes, Folha de S.Paulo, UOL e TV Cultura, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) discutiram sem grande profundidade assuntos que marcaram a agenda política e econômica do país nos últimos quatro anos. O que valeu mesmo na noite foi a troca de acusações e autoelogios. “Mentira”, “roubo”, “ladrão” e “mentiroso” foram os termos mais empregados. Em parte se deveu ao modelo de debate, que proporcionou mais tempo e liberdade aos presidenciáveis no decorrer dos blocos. Por isso mesmo, as agendas econômica e política de 2023 até 2026 ficaram escanteadas.
Dentre os erros mútuos de Lula e Bolsonaro enquanto presidentes, dois blocos de 15 minutos livres para cada foram usados para atacar pontos fracos, como a Operação Lava-Jato e os escândalos de corrupção nos governos petistas (da parte de Bolsonaro). Da parte de Lula, foi indagado ao adversário sobre a passividade do governo na compra de vacinas contra a covid e acordos com o Congresso por meio do Orçamento Secreto. Não houve descontração em momento algum.
Alguns ataques e mentiras foram deferidos, com direitos de resposta concedidos para ambos. De modo geral, foi como um teste de fogo. A medida, estratégica, pode servir como base de conteúdo de campanha para ambos até a última semana de campanha, concluindo no encontro que será realizado pela Globo. Bolsonaro tentou atacar Lula e até citou o uso do enterro da ex-primeira-dama, Marisa Letícia, como palanque político, negando problemas na pandemia, escândalos de corrupção e desmatamento na Amazônia. Já o ex-presidente criticou as relação como Congresso e as amplas campanhas de fake news, o negacionismo e a péssima imagem internacional. O Bolsa Família e o Auxílio Brasil foram recorrentes, com cada um defendendo com unhas e dentes seus feitos.
Moro
Chamou atenção a presença do senador eleito pelo Paraná, Sergio Moro (União Brasil), ao lado de Bolsonaro no debate. O ex-juiz, até então, era desafeto do atual presidente e, depois de externar seu apoio, se posiciona como um dos conselheiros de última hora de Bolsonaro.
O que MONEY REPORT publicou
- Conheça as regras do debate
- Bolsonaro vai se controlar nos debates?
- Foi um debate ou um desfile de direitos de resposta?
- Trocas de acusações baixa nível do último debate do 1º turno
- Debates ajudam a escolher em quem votar
- A polarização tira a importância dos debates presidenciais?
- Depois do debate, Bolsonaro pode reavaliar sua estratégia
- “Sincericídio” machista e agressões podem tirar Bolsonaro dos debates
- Debate amarrado, com Lula apagado e Bolsonaro lacrador. Ciro foi a surpresa
- Bolsonaro usa o debate contra Lula, mas perde a mão: “Tudo o que não presta”