Reportagem da Folha de S. Paulo publicada no sábado (16) diz que a recente alta do dólar fez com que o Ministério da Fazenda e o Banco Central criassem uma “força-tarefa” de técnicos para monitorar o comportamento do câmbio. A avaliação é que boa parte da desvalorização do real reflete mudanças nos fundamentos econômicos tanto no Brasil quanto no cenário externo, mas eles veem sinais de ataque especulativo, quando investidores apostam na desvalorização do real para fazer operações lucrativas. Por enquanto, os leilões de swap cambial feitos pelo BC (operações de venda futura de dólar) estão contendo a alta do dólar, que se aproximou de R$ 4, mas fechou a sexta-feira (15) cotado a R$ 3,73. Se a pressão continuar, os técnicos não descartam o uso de reservas cambiais.
Em entrevista a MONEY REPORT, Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que, no momento, não há motivos para o uso das reservas, que somam em torno de US$ 380 bilhões. “O uso de reservas só se justificaria se houvesse falta de dólar no mercado. Não é o caso.” O consenso é que a alta do dólar reflete uma “reprecificação” do preço da moeda brasileira, que perdeu valor.
O uso das reservas cambiais é algo que só se faz em última instância. “Se o governo começa a gastar suas reservas, entra num caminho complicado porque o mercado pode testar o Banco Central”, diz Vale. Explicando: o ataque especulativo pode aumentar se o BC colocar parte das reservas à venda, o que colocará ainda mais pressão na moeda brasileira. O tamanho das reservas brasileiras é um bom colchão, o que diminui esse risco. Mas uma disputa entre o mercado e o BC não seria algo positivo, ainda mais num momento delicado, marcado por eleições presidenciais incertas e um rombo fiscal crescente.