Houve aumento de 12% entre 2021 e 2020, impulsionado pelo desmatamento descontrolado
As emissões de gases causadores do efeito estufa do Brasil tiveram em 2021 sua maior alta em 19 anos, segundo um relatório emitido nesta terça-feira (1º) pelo SEEG, o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima. O recorde é catalisado pela energia, pela pecuária e, principalmente, pelas taxas recordes de desmatamento na Amazônia durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.
É o quarto ano consecutivo que o número cresce, algo inédito desde que a série histórica começou em 1990. A alta deste ano só não é maior que a de 2003, quando o país teve um recorde histórico de emissões após um incremento de 20% devido ao aumento do desmatamento na Amazônia.
— É o Brasil andando para trás, por isso dizemos que esta é uma década perdida — disse ao GLOBO Tasso Azevedo, coordenador do SEEG. — É como se estivéssemos nadando contra a corrente, sem sair do lugar.
O resultado ruim é divulgado a cinco dias do início da COP27, a conferência sobre mudança do clima que acontece no Egito em novembro. O volume representa cerca de 4% das emissões planetárias, ocupando o quinto lugar no ranking global, atrás apenas de China, EUA, Índia e Rússia.
As emissões por desmatamento foram as maiores responsáveis pelo aumento das emissões brasileiras. Foi o terceiro ano seguido do governo Bolsonaro com aumento de desmatamento na Amazônia e nos outros biomas – alta de 18,5%.
O desmatamento da Amazônia respondeu por 77% dessas emissões. “O desmatamento está crescendo em todos os biomas brasileiros, e isso tem se refletido nas emissões”, diz Tasso.
A emissão bruta per capita dos brasileiros é de 11,4 toneladas de CO2, acima da média global de 6,7 toneladas, mas os números variam bastante a depender do estado, indo de 2 a 94 toneladas. A meta global para 2050 é que o índice se aproxime de uma tonelada de CO2 por habitante.