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Um Terceiro Turno continua em vigor

As eleições acabaram e o Terceiro Turno começou. Bloqueios nas estradas e concentrações populares espalhadas por todo o Brasil mostraram claramente que os eleitores do presidente Jair Bolsonaro estão inconformados com o resultado das urnas. Vários posts amalucados com fake news tiveram início desde domingo retrasado. Houve de tudo, desde um áudio creditado ao jurista Modesto Carvalhosa (absolutamente falso) que mostrava um caminho legal para se chegar ao regime de exceção até vídeo com um apresentador argentino que buscava desmascar uma série de fraudes eleitoras (todos os argumentos, porém, já desbaratados pelo Tribunal Superior Eleitoral).

Com a poeira ainda longe de baixar, o inconformismo proliferou-se, especialmente em relação ao que teria sido uma eleição injusta, com as autoridades jurídicas perseguindo Bolsonaro e seus apoiadores e privilegiando Luiz Inácio Lula da Silva e eleitores. Mesmo que isso fosse verdade, foi essa razão que levou Bolsonaro à derrota?

Raciocinemos. O presidente insistiu em uma estratégia suicida, pois praticamente repetiu a fórmula de 2018, quando o cenário eleitoral era completamente diferente. Para piorar, tinha comprado briga com muita gente durante a pandemia e insistido em um discurso negacionista. Com isso, afastou-se dos eleitores moderados, do público feminino e dos mais jovens. Perdeu por pouco, é verdade, mas sua derrota pode ser creditada a uma escolha errada no discurso dirigido aos eleitores. Em quase todos os momentos que se dirigiu ao público nos últimos dois anos, Bolsonaro mirou em seus apoiadores mais fiéis, que já iriam votar nele, adotando uma abordagem que desagradava outros grupos eleitorais. Deu no que deu.

Os bloqueios podem ter diminuído ou desaparecido. A frente dos quarteis podem estar vazias. Mas ainda há bastante gente nas ruas, como ontem, e milhões de pessoas vociferando nas redes sociais. O Terceiro Turno, assim, continua. Bolsonaristas estão feridos por conta do que consideram um processo eleitoral com vícios – ou uma fraude nas urnas, mas ainda não conseguiram produzir provas idôneas, irrefutáveis e concretas. O que veio a público, até agora, é um conjunto de apresentações apócrifas, opinativas e que podem ser refutadas pelas autoridades (o ideal, no entanto, seria fazer uma compilação pública das acusações e das réplicas do TSE).

Quanto tempo vai durar para essas feridas curarem?

Muito.

O pior é que do outro lado, o de Lula, também existe mágoa.

Petistas da gema não acreditam que Lula seja corrupto e acham que seus opositores precisam pagar por conta das acusações falsas feitas desde a Operação Lava-Jato. Simpatizantes da esquerda também não engoliram o discurso contra as urnas eletrônicas e as pesquisas eleitorais. E os moderados ainda não superaram as patacoadas ditas durante a pandemia.

Ou seja, os dois lados estão raivosos e rancorosos.

Lula vai pacificar o país? Dificilmente. Entre os 58 milhões de votos bolsonaristas, boa parte o odeia com todas as suas forças. E entre os 60 milhões que elegeram o próximo presidente não querem benevolência com Bolsonaro. Vai ser uma fase conturbada, pois os dois lados olham para o adversário e se comportam como um policial norte-americano que lê os direitos do prisioneiro e decreta: “Tudo o que você disser poderá ser usado contra você”.

O que leva pessoas normalmente inteligentes e ponderadas, pedir um golpe militar em pleno 2022? O ódio ao candidato oponente, nada mais que isso.  E o que move a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, não aceitar a mão estendida de um bispo evangélico, que se oferecia para rezar pelo presidente recém-eleito? A mesma raiva.

O futuro de um país, porém, não pode estar à mercê de sentimentos negativos. É bom tirar esse rancor da frente e buscarmos uma convivência pacífica. É apenas um começo, eu sei. Mas, sem um primeiro passo, não se chega a lugar nenhum. Se não encontrarmos uma forma de deixar essa gana ir embora, ficaremos rodando em círculos durante anos. Precisamos encontrar uma forma de interromper a realimentação desse moto-contínuo. Como já disse Elon Musk, “a vida é muita curta para guardar rancores no longo prazo”.

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