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Vídeo – Caminhoneiro ameaçado de morte em bloqueio no RS

Imagens exclusivas de um motorista coagido na RS-129: “Tu gostaria que tua mulher soubesse que aconteceu alguma coisa contigo?”

— Tudo certo?

— Oh, meia hora no pátio ou painel e vidros quebrados.

— Pode quebrar então.

É assim que começa um vídeo de quase dois minutos gravado em sigilo na tarde desta segunda-feira (7), em um bloqueio ilegal de caminhoneiros na RS-129, no Distrito Industrial do município gaúcho de Guaporé. O motorista que desejava seguir viagem é ameaçado sem cerimônia por um colega funcionário de uma transportadora que estava no meio da estrada em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições de 30 de outubro. A seguir há uma tentativa canhestra de argumentação que desanda.

— Sei que tu é funcionário. Fica meia hora no pátio. Vem ali comer que tem comida na barraca, aqui, ó.

— Então, deixa para a próxima.

O caminhoneiro afirma que precisa passar por aquele trecho quatro vezes no dia, indo e voltando com cargas a partir do município de Estrela, distante 94 quilômetros pela rodovia estadual, por isso precisa seguir. Quando o manifestante exige que ele estacione “agora”, a conversa muda de tom.

— Então quebra o painel.

— Mano…

— Eu sou caminhoneiro. Eu tenho que trabalhar.

— Eu também sou caminhoneiro. Meia hora no pátio, vamos.

— Não vou parar. Na volta eu paro.

— Não.

— Então quebra.

— Tu que sabe. Tá querendo arriscar tua vida? Para de ser bobalhão.

A partir daí, o homem pendurado do lado de fora da boleia com um colete reflexivo, identificado como Saimon, deixa de ameaçar danificar um bem material – o caminhão – para intimidar fisicamente o colega.

— Tu tem filho? Tem mulher? Tu gostaria que tua mulher soubesse que aconteceu alguma coisa contigo?

Depois, uma amenidade cínica com ares cívicos.

— Mostre que tu é patriota. E se tu não for, o problema é teu.

Constrangido, o motorista demonstra apoio ao movimento, mas o estrago está feito.

— Avisa teu patrão. Meia hora e a gente te libera.

Não é preciso explicar mais nada. O caso não foi parar na polícia, mas circula em aplicativos de troca de mensagens.

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