Gal Costa formava com Elis Regina e Maria Bethânia o triunvirato das maiores vozes da música popular brasileira. Ela faz parte daquele grupo de pessoas que te acompanha a vida inteira, com canções que servem de trilha sonora para sua existência. A primeira vez que a vi foi na televisão e eu era muito pequeno. Ela usava um penteado afro com roupas psicodélicas e cantava uma música que identifiquei, mais velho, como sendo “Divino, Maravilhoso”.
Enquanto a vitrola da minha casa foi pilotada pelos meus pais, Gal Costa teve um lugar cativo entre nós. “Baby”, “London, London”, “Que Pena”, “Coração Vagabundo” foram algumas das canções que tocaram muito e marcaram a minha infância. Depois que eu fiquei mais velho e deixei de ouvir apenas rock, comecei a escutar mais MPB e abri minhas opções. Nesta fase, guardo com carinho as lembranças provocadas por dois álbuns: “Água Viva” e “Gal Tropical”.
Gal sempre se pautou pela inquietude e pela auto reinvenção. Sua obra é marcada pelo extremo bom gosto com o qual escolhe suas músicas, um repertório sempre excepcional. Dona de uma voz de cristal, ela deixava redonda qualquer canção – mesmo uma mixórdia de palavras sem muito nexo, como “Açaí” (o autor, Djavan, já tentou explicar parte da letra e conseguiu deixar as pessoas mais confusas do que antes de saber o significado da obra).
Minhas canções favoritas?
+ Estrada do Sol (Dolores Duran/ Tom Jobim).
+ London, London (Caetano Veloso).
+ Antonico (Ismael Silva).
+ Como 2 e 2 (Caetano Veloso).
+ Paula e Bebeto (Milton Nascimento).
Todas essas canções já foram gravadas por outros artistas. Mas Gal conseguiu transformar suas gravações em versões definitivas. Que você descanse em paz, Maria da Graça. Mas, lembre-se, aí no andar de cima: aqui na Terra, enquanto houver um fã de música brasileira, você será imortal.