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Empresas de Aloysio Faria serão vendidas: dinheiro na mão é vendaval

Aloysio Faria construiu um império sem se preocupar com a herança que deixaria. Montou um grupo com empresas que não tinham muito a ver entre si, mas ficaram de pé até sua morte, aos 99 anos, dois anos atrás. Médico de formação, Faria era centralizador e longevo – duas características que podem deixar as empresas em estado de insolvência.

Com o banqueiro, no entanto, as empresas do grupo se mantiveram intactas até sua morte. De todo o grupo, o Banco Alfa foi vendido em primeiro lugar, por R$ 1 bilhão, ao Safra. E, ontem, a família Faria anunciou que iria se desfazer de todo o portfólio construído pelo patriarca. Estão à venda, portanto, a C&C (material de construção), La Basque (sorvetes), Água Prata, Rádio Transamérica, Hotel Transamérica de Comandatuba e Delta Bank, que atua os Estados Unidos. A impressão que se tem, do lado de fora, é que o doutor Aloysio (talvez o único banqueiro que poderia ser legitimamente chamado dessa forma) investia em setores nos quais gostava ou tinha simpatia.

O Grupo está à venda também porque Faria não formou um sucessor ao longo de seus quase cem anos. Com cinco filhas, ele não se preocupou em criar uma sucessão dentro da família. Não foi por falta de capacidade. Conheci duas dessas herdeiras. Uma tinha um forte sentimento empreendedor. Outra era inteligentíssima e bastante culta. Mas não foram preparadas para assumir a cadeira do pai.

Sem quem tocasse os negócios, o núcleo familiar percebeu que o grupo era formado por empresas muito diferentes entre si. Ou seja, seria preciso contratar bastante gente para tocar as empresas e investir cada vez mais em áreas desconhecidas pela família.

Ao vender todos os negócios, a família ficará extremamente líquida e conseguirá gerar todo o seu capital através de um Family Office, como muitos clãs endinheirados fazem, gerando fortunas em arbitragens no mercado futuro ou de derivativos.

Ocorre que, segundo o professor John Davis, que atualmente está no Massachussets Institute of Technology, as famílias americanas que conseguiram se manter na lista das 500 maiores fortunas dos Estados Unidos têm algo rm comum: estão ligadas a algum negócio. Quando os herdeiros vendem as empresas e passaram a viver de renda, os juros ou os ganhos de capital não são suficientes para fazer frente a um estilo de vida opulento.

Além disso, as famílias crescem de forma exponencial, ao contrário do dinheiro. Filhos, netos e bisnetos têm o poder de torrar tudo o que foi deixado por um empresário como Aloysio Faria. Quando os familiares estão usufruindo os resultados de uma empresa, no entanto, os dividendos são turbinados pela expansão dos negócios e a exploração de novos mercados, além da evolução natural de produtos e serviços.

O capital, assim, só deixa frutos de verdade quando está associado a um empreendimento. Sem a figura do empreendedor, os familiares estão apenas recebendo sem nada produzir. É o caminho sem volta para a pobreza. Não nessa geração. Mas, com toda a certeza, na próxima.

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