BERLIM (Reuters) – A ameaça de um colapso continuava pairando sobre a coalizão governista da Alemanha nesta quarta-feira, três meses após sua formação, depois que conversas que avançaram pela madrugada não resolveram uma discórdia entre a chanceler Angela Merkel e seus aliados da Baviera a respeito da imigração.
A disputa diz respeito a planos elaborados pelo ministro do Interior, Horst Seehofer, líder da União Social-Cristã da Baviera (CSU), para rejeitar na fronteira alemã imigrantes que se registraram em outros Estados da União Europeia.
Trata-se de uma questão delicada para Merkel, já que minaria sua política de portas abertas aos imigrantes e seria um grande revés ao sistema Schengen de fronteiras abertas da UE.
A CSU deu a Merkel até o final da cúpula desta semana da UE para combinar com parceiros do bloco políticas imigratórias que reduzam o fardo da Alemanha — uma exigência e tanto, dado o quão profundamente dividida a Europa está no tocante à forma de lidar com o influxo de imigrantes.
“A partir da semana que vem, queremos que os imigrantes sejam rejeitados na fronteira se já tiverem se registrado em outro país europeu, e portanto deveriam passar pelo procedimento de asilo lá”, disse Alexander Dobrindt, parlamentar de alto escalão da CSU.
A CSU se reuniu no domingo para decidir se desafia Merkel e adota os novos controles. O partido quer que a chanceler obtenha um acordo europeu, ou ao menos acordos bilaterais com países como a Grécia e a Itália, dizendo que não se ganha nada adiando uma ação.
“Não entendo que se fale sobre possíveis soluções futuras para a Europa se não estamos preparados para fazer o que a Alemanha pode fazer agora”, disse Dobrindt à televisão alemã.
Se o ministro Seehofer for adiante com seus planos, muitos membros da União Democrata-Cristã (CDU), o partido de Merkel, dizem que ela seria obrigada a demiti-lo.
Volker Kauder, parlamentar destacado da CDU, disse à televisão alemã que a questão não foi resolvida nas negociações de terça-feira, que duraram até depois da meia-noite.
“É muito sério — nós vimos isso nas conversas, não se trata de algo pequeno, trata-se de algo central e importante. Precisamos conversar uns com os outros”, afirmou Kauder.
Um rompimento da aliança de 70 anos entre CDU e CSU provocaria o colapso de uma coalizão que exigiu seis meses de tratativas e privaria Merkel de uma maioria parlamentar.
As principais opções seriam então um governo de minoria encabeçado por Merkel ou uma nova eleição. Merkel, que é chanceler há quase 13 anos, também pode perder apoio na própria CDU.
(Por Madeline Chambers)