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Bahrain Steel diz que Anglo declarou força maior em contrato após vazamento em MG

Por Alexandra Alper e Saeed Azhar

RIO DE JANEIRO/DUBAI (Reuters) – A Anglo American suspendeu um contrato de fornecimento de minério de ferro com o cliente Bahrain Steel, disse a empresa do Oriente Médio, na mais recente dor de cabeça para a mineradora, que registrou vazamentos em um mineroduto em Minas Gerais, o qual é responsável por levar a commodity até o porto para exportação.

O contrato com a Bahrain Steel é de cerca de 1 bilhão de dólares por ano, de acordo com cálculos da Reuters com base nos preços médios realizados pela Anglo em sua mina Minas Rio, no ano passado.

O Bahrain Steel, que produz pelotas de minério de ferro para siderúrgicas, disse que a mineradora declarou força maior em abril no contrato, que é de 20 anos e prevê a entrega de 13 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.

A Anglo congelou as operações no Sistema Minas Rio em março, depois que dois vazamentos ocorreram no duto que transporta seu minério de ferro para um terminal de exportação no litoral do Rio de Janeiro.

O minério da Anglo é transportado da mina e da usina de beneficiamento, em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas (MG), até o Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), ao longo de um mineroduto de 529 quilômetros, que atravessa 33 municípios mineiros e fluminenses.

A suspensão do contrato com o Bahrain ressalta a gravidade dos problemas da Anglo com o projeto, comprado no auge do boom das commodities há uma década, por 5,5 bilhões de dólares.

     No entanto, o Bahrain Steel descartou um sério impacto em suas próprias operações.

    “Garantimos e diversificamos efetivamente nossas fontes de matéria-prima, assegurando a continuidade de nossa produção e nossa capacidade de atender às necessidades de nossos clientes”, disse Bahrain Steel (A REUTERS?), que pertence à Foulath, um veículo de investimento focado em aço no Oriente Médio.

    O Anglo informou que não iria comentar.

Pouco depois dos vazamentos, a mineradora disse que interromperia as operações por três meses e projetou um impacto de 3 milhões de toneladas nas estimativas de produção para o ano. As autoridades regulatórias brasileiras impuseram multas de quase 200 milhões de reais.

Porém, no fim de abril, a empresa disse que a mina ficaria fechada até o quarto trimestre e estimou a produção de 2018 em apenas 3 milhões de toneladas, produzidas antes dos vazamentos. A produção de 2017 foi de 16,8 milhões de toneladas.

A previsão é que o Ebitda anual do grupo seja afetado entre 300 milhões e 400 milhões de dólares, devido ao fechamento.

A Anglo também declarou força maior em um contrato com a Ferroport, uma joint venture que tem com a operadora do Porto do Açu, Prumo Logística, depois do vazamento.

O contrato vale aproximadamente 16 milhões de dólares por mês, de acordo com um comunicado da Prumo ao mercado em 2014, o primeiro ano de embarques.

“A Ferroport e a Prumo estão em processo de análise detalhada a respeito das circunstâncias que levaram aos eventos de vazamento e, ainda, se a Ferroport concorda que os eventos descritos constituem Força Maior”, disse a Prumo em um comunicado de abril.

A Anglo disse em março que estudos preliminares sugeriam que os vazamentos foram causados por rachaduras na soldagem do duto no processo de fabricação.

Os preços de referência de pelotas de minério de ferro subiram quase 115 dólares na semana passada, uma alta de 30 por cento ante o ano passado.

As siderúrgicas chinesas, maiores compradoras de minério de ferro do mundo, estão aumentando o uso de pelotas que podem ser alimentadas diretamente nos altos-fornos para reduzir as emissões, alinhadas com as regras ambientais mais rígidas de Pequim.

(Reportagem adicional de Manolo Serapio, em Manila, Marta Nogueira, no Rio de Janeiro, e Barbara Lewis, em Londres)

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