Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) – O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta quarta-feira que a Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareça quais providências quer tomar em relação ao depoimento do delator da J&F Florisvaldo Caetano que diz ter feito uma entrega de 1 milhão de reais no escritório do coronel João Baptista Lima, amigo do presidente Michel Temer.
As declarações de Florisvaldo -contador e apontado como responsável pelos pagamentos de propina- ocorreram no complemento da delação premiada dos executivos da J&F. O coronel Lima é suspeito de receber recursos de origem ilícita para o presidente.
No depoimento, o contador disse ter feito a entrega desse numerário no escritório do amigo de Temer na companhia de Demilton Antonio de Castro. O local da entrega do valor, segundo Florisvaldo, foi indicado pelo também delator da J&F Ricardo Saud. O contador disse que o repasse indicado por Saud era para Temer.
“No ato da entrega, o coronel determinou que colocassem os valores no porta-malas de um carro estacionado em frente ao edifício. Relembra que Ricardo Saud recomendou agilidade na entrega dos valores, diante da importância de seu destinatário”, mencionou Fachin, no despacho.
O ministro do STF determinou a autuação como uma petição autônoma das declarações de Florisvaldo e determinou que a PGR se manifeste o que fazer.
Temer e o coronel Lima sempre negaram terem recebido qualquer valor de origem ilícita da J&F.
Essa providência determinada por Fachin ocorreu na mesma decisão em que ele definiu que o pedido feito da PGR de anulação da delação dos executivos da J&F seja levado ao plenário da corte assim que concluída a fase de instrução do caso.
Nesse despacho, Fachin também concordou em aceitar as diligências requeridas pela PGR para avaliar se houve irregularidades no acordo de colaboração.