Por Gabriela Baczynska e Noah Barkin
BRUXELAS (Reuters) – Sob intensa pressão de aliados conservadores na Alemanha, a chanceler alemã, Angela Merkel, conclamou os líderes europeus nesta quinta-feira a buscarem uma abordagem comum para a imigração, classificando-a como uma questão de “tudo ou nada” para a Europa.
Merkel falou ao Parlamento alemão antes de uma cúpula da União Europeia que começa mais tarde nesta quinta-feira e deve ser dominada pela imigração, em um momento no qual partidos de direita ganham força em todo o bloco.
“A Europa enfrenta muitos desafios, mas o da imigração pode se tornar o ‘tudo ou nada’ para a UE”, disse Merkel, cujo futuro político está ameaçado por uma reação negativa de aliados conservadores da Baviera às suas políticas imigratórias.
Na cúpula de dois dias, os líderes da UE combinarão medidas para restringir a chegada de imigrantes pelo Mediterrâneo, gastos maiores para combater a imigração ilegal e mais cooperação para evitar que refugiados e imigrantes se movimentem dentro do bloco, segundo o esboço de um comunicado.
Mas três anos depois de mais de um milhão de pessoas entrarem na Europa –muitas delas refugiadas fugindo de conflitos no Oriente Médio– os líderes continuam divididos sobre como lidar com os postulantes a asilo.
Merkel está sendo pressionada pela União Social-Cristã da Baviera (CSU) a conter a imigração rumo à Alemanha com mais rigor, embora o número de chegadas tenha diminuído acentuadamente desde o pico de 2015.
Como a Baviera é o principal ponto de entrada de imigrantes no país, a CSU disse que começará a rejeitar em sua fronteira aqueles que se registraram em outros países europeus, a menos que a chanceler firme um acordo em Bruxelas.
Isso parece improvável, dadas as divisões entre os 28 países-membros da UE. Merkel, no entanto, indicou ao Parlamento que buscará uma “coalizão dos dispostos” para tentar fazer acordos bilaterais com nações como a Grécia e a Itália.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse ao jornal Financial Times que está aberto a um pacto com Berlim para reduzir a “imigração secundária” de refugiados que ingressam pela fronteira sul da UE e depois seguem para o norte.
A Itália pode causar mais dificuldades, já que seu novo governo rejeitou qualquer medida que obrigue o país a receber mais pessoas.