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Restauro das obras de arte do Senado pode custar R$ 1 milhão

Além do acervo histórico e artístico, reparo de outros elementos dos prédios pode chegar a R$ 4 milhões

Depois do cenário de guerra causado pela invasão e depredação do 8 de Janeiro, a equipe do Museu do Senado e dos serviços de conservação e reparação da Casa já trabalha intensamente para que as obras de arte sejam reparadas com a maior brevidade e voltem a ser expostas à população. Para que isso seja feito, a recuperação do acervo histórico pode custar cerca de R$ 1 milhão.

A estimativa inicial é que, além do acervo histórico e artístico, os danos totais

Uma estimativa inicial, que, além do acervo histórico e artístico, inclui vidraças, carpetes e outros elementos construtivos, é de danos totais entre R$ 3 e R$ 4 milhões, segundo a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka.

A informação sobre os tesouros históricos foi passada pela chefe do Segam (Serviço de Gestão de Acervo Museológico), Maria Cristina Monteiro. Ela esclareceu as dúvidas da imprensa durante entrevista com a participação de outros profissionais que conduzem os serviços de reparação das obras do Senado.

“Na verdade, ainda não existe um orçamento fechado. O levantamento de preços leva um pouco de tempo, porque é uma pesquisa de mercado. Mas em média a gente está orçando em torno de R$ 800 mil a R$ 1 milhão de custo de obras de arte. Mas pode ser que esse valor seja menor, porque algumas pessoas passaram o valor da obra em si. Precisamos detalhar o valor somente da restauração. Então, ainda não temos esse valor detalhado“, disse.

De acordo com Monteiro, dos 14 itens danificados, 11 já foram levados para o laboratório do próprio Senado, à exceção do painel vermelho de Athos Bulcão, da tapeçaria de Burle Marx e do quadro “Ato de Assinatura do Projeto da 1ª Constituição”, de Gustavo Hastoy. Ela explicou como está sendo o processo inicial até a emissão de um laudo definitivo:

“Num 1º momento, nós identificamos as obras que foram danificadas. Depois é feito um diagnóstico mais apurado. Então fizemos a identificação das obras que precisam de restauro. Depois da identificação, cada objeto vai passar por um diagnóstico mais aprofundado, porque aí você vai ver o material necessário, a pigmentação necessária. Em seguida é que é feita a higienização e depois o restauro dessas peças“, declarou.

Orçamento

A chefe do Segam não soube informar se o valor possivelmente a ser restituído ao Senado, após as ações que buscam reparação e ressarcimento por parte dos criminosos, será usado para bancar o serviço de restauração. Inicialmente, segundo ela, o trabalho está sendo custeado pelo orçamento da Casa.

“Mas é o próprio orçamento do Senado num primeiro momento que foi liberado para poder utilizar nessa área. De qualquer forma a gente está contando com a colaboração dos parceiros. A gente tem muita gente se voluntariando, recebendo muitos currículos, muita gente querendo trabalhar com a gente. Então a gente está fazendo um cadastro dessas pessoas, até para ver depois a especialização de cada um e ver se eles realmente podem colaborar“, disse.

Veja a lista de danos ao acervo do Museu:

No Salão Nobre:

  • tapeçaria de Burle Marx: rasgada, embolada, suja de urina e arremessada na entrada da galeria do Plenário. Para restaurar: higienização parte a parte, pois a peça é antiga;
  • quadro “Ato de Assinatura do Projeto da 1ª Constituição”, de Gustavo Hastoy: tentaram derrubá-lo e não conseguiram. A parte inferior da moldura foi danificada, além de alguns arranhados na pintura. Para restaurar: é preciso retirá-lo da moldura, banhada a ouro e com 3 metros de largura. A pintura deve ser colocada sobre uma plataforma de madeira, com auxílio de uma estrutura de ferro a ser montada pontualmente para o reparo;
  • quadros de Urbano Villela na Galeria dos Presidentes: quatro foram totalmente perdidos e serão refeitos pelo próprio artista. Outro será restaurado pelos profissionais do próprio Senado;
  • tinteiro de bronze da época do Império: amassado e dobrado ao meio. Para restaurar: aquecimento do metal;
  • vitrine com fotos e réplica da Constituição: vidro estilhaçado. Para restaurar: reposição do vidro;
  • mesa de centro vinda do Palácio Monroe: teve o tampo lascado e uma coluna lateral danificada. Para restaurar: trabalho da própria equipe do Museu;
  • painel vermelho de Athos Bulcão: sofreu arranhões devido aos estilhaços. Para restaurar: serão necessários três vidros de 20 ml de tinta vermelha específica, cada um ao preço estimado de R$ 800;
  • tapete persa de decoração do dispositivo de receptivo dos chefes de Estado: foi encharcado e possivelmente sujo de urina. Para restaurar: lavagem inicial para verificar se necessita de outra intervenção.

Na presidência:

  • Qquadro de Guido Mondim: foi arrancado da moldura e jogado ao chão. Para restaurar: avaliação das avarias e recolocação na moldura;
  • mesa de trabalho do século 19, que pertenceu aos palácios dos Arcos e Monroe: totalmente danificada, com partes e pedaços espalhados por diversos pontos da Casa. Para restaurar: ainda é incerta sua recuperação. É preciso recolher todas as partes e tentar recompô-la com novas peças de madeira.

Plenarinho:

  • cadeira que pertenceu ao Palácio Monroe: braço quebrado. Para restaurar: recolocação da peça.

Cafezinho dos senadores: 

  • uma cadeira do designer Jorge Zalszupin.
Câmara dos Deputados

O levantamento feito pela Casa estima que o conserto dos danos causados pelo ataque de 8 de janeiro pode custar aproximadamente R$ 3 milhões. 

O relatório preliminar da Casa não considera as despesas com mão de obra e material necessários à limpeza dos ambientes, nem a reparos emergenciais, como o da rede elétrica da plataforma superior do prédio. 

O montante é referente a equipamentos como computadores, impressoras e viaturas. Também foi considerada a mão de obra inicial.

Na quinta-feira (12), o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) divulgou um parecer sobre os danos causados durante os atos de vandalismo nos prédios dos Três Poderes e indicou que “de maneira geral a maioria dos danos aos edifícios são reparáveis”.

A vistoria, limitada a 6 espaços, abrangeu “piso, parede e teto” do: 

  • Palácio Planalto; 
  • Congresso Nacional; 
  • STF (Supremo Tribunal Federal); 
  • Museu da Cidade; 
  • Espaço Lúcio Costa. 

E também mencionou danos na Praça dos Três Poderes.

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