SÃO PAULO (Reuters) – O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, segue conversando com outros partidos em busca de alianças e indicou que espera fechar com o PSB, apesar de reconhecer que existem entraves a serem superados.
Entre esses obstáculos estão as disputas estaduais em Pernambuco e em São Paulo, explicou Ciro, que viajou recentemente para se reunir com membros pernambucanos do PSB.
“A conversa foi boa, mas você veja, eles estão com uma situação que é delicada e a gente precisa respeitar. Em São Paulo, o (governador) Márcio França tem uma delicada situação com o Alckmin (PSDB), o que é absolutamente respeitável. Em Pernambuco, o Paulo Câmara tem uma situação delicada com o PT, gostaria de uma aliança com o PT, e eu também acho isso profundamente respeitável”, afirmou o presidenciável a jornalistas após evento com investidores em São Paulo.
“Eu quero muito esse apoio, então estamos conversando com as nossas habilidades e delicadezas, mas estou animado”, disse Gomes. Ao ser questionado se a conclusão do acordo está perto, Ciro respondeu que “se Deus quiser”.
DEM
O pré-candidato também comentou sobre o seu encontro na semana passada com a cúpula do DEM, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados e pré-candidato daquele partido à Presidência da República, Rodrigo Maia.
Ciro disse que, neste caso, o obstáculo no momento é diferente. “Eu tive uma conversa formal em que eu estou travado por uma delicadeza: o Rodrigo Maia é candidato à Presidência da República e eu preciso respeitar isso”, argumentou.
No entanto, segundo ele, as conversas não se limitam à uma possível aliança na corrida ao Planalto, incluindo também o chamado “dia seguinte”, uma preocupação para garantir governabilidade, visto que nenhum dos presidenciáveis hoje teria condições de formar maioria partidária na Câmara.
“A nossa conversa foi pensando na eleição, mas pensando num eventual dia seguinte, em que eu eventualmente eleito presidente da República vou precisar ampliar o diálogo com forças mais ao centro, porque nenhum partido fará mais que 10, 12 por cento da Câmara”, disse Ciro.
“É preciso ter humildade para entender que nós vamos negociar com quem o povo eleger”, acrescentou.
Pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira mostra Ciro em terceiro lugar com 8 por cento, no cenário que não tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato. Com Lula, Ciro vai ao quarto lugar, com 4 por cento das intenções de voto, mesma taxa do ex-governador tucano Geraldo Alckmin.
“PENDURAR AS IDEIAS”
Ao ser questionado sobre sua participação no evento da XP Investimentos que reuniu cerca de 70 pessoas, Ciro disse sair gratificado pelo respeito com que foi recebido.
“Foi assim que eu comecei a conversa: ‘se eu olhar a versão que se faz de mim na imprensa, eu não me reconheço. O que eu vou propor para vocês é que a gente deixe as nossas ideias fixas penduradas ali fora e vamos abrir uma conversa sobre o Brasil, depois se a gente não gostar, cada um volta, pega suas ideias e volta para casa com elas, não é problema nenhum'”, disse Ciro.
Durante a conversa, segundo ele, foi feito um diagnóstico sobre a situação brasileira hoje, uma apresentação em linhas gerais de seu projeto e um debate que tratou de temas como questão fiscal, dívida, política monetária, política cambial, reforma da Previdência, reforma tributária e estatismo ou não estatismo.
“Foi um clima de muita franqueza, eu não vim procurar simpatia, vim procurar confiança”, afirmou.
(Reportagem de Laís Martins)