Desde o início da semana, equipes do Ministério da Saúde estão no território indígena prestando atendimento a crianças e idosos em estado grave
A crise de saúde entre os yanomami fez o Ministério da Saúde decretar na sexta-feira (20) Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. Foram enviadas equipes para averiguar a situação no território indígena e prestar os primeiros atendimentos. Ao chegarem no local, os agentes observaram um cenário com crianças e idosos com problemas graves de saúde. Desnutrição, malária e infecção respiratória aguda foram algumas das complicações que a pasta informou. Os motivos se estendem também para a falta de entrega de medicamentos nos últimos meses, além da poluição das águas causada pelo garimpo.
O Ministério da Saúde enviou cestas básicas, insumos e medicamentos para o território. Também foi instaurado o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami) para empregar medidas durante a situação de emergência nacional. Em novembro do ano passado, a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) desencadearam uma operação para combater um suposto desvio de recursos públicos destinados à compra de medicamentos aos yanomamis. As supostas fraudes resultaram na retenção de medicamentos, em especial vermífugos, o que deixou 10.193 crianças desassistidas, segundo nota divulgada pela PF.
Dados utilizados pelo MPF apontam que, de 13.748 crianças aptas ao tratamento de verminoses no primeiro semestre de 2022, apenas 3.555 receberam tratamento. O resultado do desfalque dos remédios foi, segundo o órgão, um aumento de infecções e manifestações de formas graves da doença, com crianças expelindo vermes pela boca.
Apenas a malária foram mais de 11 mil casos em 2022 no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. Todo o território yanomami tem cerca de 30 mil habitantes. Em visita ao local neste sábado (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou a situação como desumana. A situação já levou à morte 570 crianças nos últimos anos, sendo que 505 tinham menos de 1 ano. Em 2022, foram registrados 11.530 casos confirmados de malária. “Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinham pessoas sendo tratadas da forma desumana como o povo yanomami é tratado aqui, eu não acreditaria. Nós vamos tratar os nossos indígenas como seres humanos, responsáveis por parte daquilo que nós somos”, afirmou Lula.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou a abertura de inquérito policial para apurar o crime de genocídio e crimes ambientais na terra indígena.