Há temor ambiental por causa do uso de amianto no MB São Paulo. Belonave deve ser inundada a 350 km da costa
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) solicitou à Marinha do Brasil informações sobre o eventual naufrágio do porta-aviões São Paulo em alto-mar. O pedido foi realizado na quinta-feira (2), após a força naval comunicar oficialmente decisão de realizar afundamento controlado da embarcação a uma distância aproximada de 350 quilômetros da costa brasileira, repousando a 5 mil metros de profundidade. O objetivo é estudar alternativas para diminuir e salvaguardar impactos ao meio ambiente.
A decisão da Marinha iria na contramão das medidas apontadas pelo corpo técnico do Ibama para garantir a destinação ambientalmente adequada prevista na regulamentação sobre transporte internacional de resíduos (Convenção de Basileia), uma vez que no casco do porta-aviões há grande presença de resíduos de amianto.
A Marinha justificou o afundamento devido a avarias no casco da embarcação que comprometeriam a segurança da navegação e causariam danos à logística, à economia e até ao meio ambiente.
Nota do Ibama
A nota do Ibama diz ainda que a liberação de clorofluorcarbonetos (CFCs) e hidroclorofluorcarbetos (HCFCs) contribuiriam para a degradação da camada de ozônio, a partir da corrosão das paredes da embarcação e que a carcaça do navio também teria o potencial de atrair espécies invasoras prejudiciais para a biodiversidade nativa.
Outro ponto observado é que “os microplásticos e metais pesados presentes em tintas da embarcação poderiam se tornar protagonistas de bioacumulação indesejável em organismos aquáticos. Como agravante, todos os impactos previstos poderiam ocorrer em hotspots (reserva) de biodiversidade, fundamentais para a vida marinha.”
O Ibama disse que existem estaleiros credenciados para fazer a “reciclagem segura e ambientalmente adequada”, ou reciclagem verde em países como Itália, Noruega, Dinamarca e Turquia. Esse tipo de reciclagem é determinada por Resolução da Organização Marítima Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU). A norma estabelece que navios antigos devem ter destinação final, única e exclusiva, de reciclagem segura e ambientalmente adequada.
O casco do navio foi vendido pela Marinha brasileira a uma empresa turca – a SÖK Denizcilik (SÖK), em 2021. O porta-aviões seria, então, rebocado até um estaleiro na Turquia para realização da reciclagem verde. O porta-aviões retornou ao Brasil porque a país cancelou a autorização que havia emitido para a exportação no fim de julho de 2022.
Marítima brasileira
Foi determinado à proprietária SÖK “a permanência do casco em área marítima de espera fora do Mar Territorial, a uma distância maior que 22 quilômetros (km) da costa; e a realização de uma perícia no casco”.
O que MONEY REPORT publicou