Pesquisa mostra que pandemia afetou mais empreendedores negros, que registraram queda de participação no período
Apesar de representarem mais de 52% dos empreendedores brasileiros, a população negra recebe em média 32% a menos do que brancos donos do próprio negócio. A diferença é ainda maior quando se observa somente o rendimento das empresárias negras. Elas têm uma renda média 39% inferior a de um homem branco.
Os dados são de um levantamento realizado pelo Sebrae a partir de dados da PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), relativos ao 2º trimestre de 2022.
De acordo com a pesquisa, um empresário branco – sem levar em consideração o gênero – recebe em média R$ 3040 mensais. Esse rendimento mensal médio cai para R$ 2079 entre os empreendedores negros, uma diferença de R$ 961.
Ao considerar o recorte por gênero e raça, o levantamento mostrou que a mulher empresária negra recebe em média R$ 1852 por mês, enquanto os homens negros donos do próprio negócio têm rendimento médio de R$ 2188. Já as mulheres brancas ganham em média R$ 2706 e os homens brancos, R$ 3231.
“A disparidade de rendimento, a dificuldade de acesso ao ensino superior e a outras políticas públicas por parte de mulheres e homens negros são sintomas de um racismo estrutural que precisa ser encarado como prioridade no país”, diz o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Rendimento na pandemia
As mulheres negras também foram mais afetadas pela pandemia. De acordo com a pesquisa, o número de empresárias negras em atividade caiu 16% no 2º trimestre de 2020 frente aos 3 meses anteriores. Entre os homens negros donos do próprio negócio, a redução foi de 13%. Enquanto só 4% dos empreendedores brancos fecharam as portas no período.
Apesar da queda, a pesquisa mostrou que todos os perfis estudados já haviam se recuperado no 2º trimestre de 2022, embora essa recuperação tenha ocorrido de forma mais lenta entre empreendedores negros.
Perfil
Os empresários negros são mais jovens (32% têm até 34 anos), contribuem menos para a previdência (só 27% pagam as contribuições) e têm empresas de menor porte, com até 5 funcionários (82%).
Segundo o levantamento, os homens negros também possuem o menor nível de escolaridade. Somente 11% têm nível superior. Por outro lado, as mulheres brancas são mais escolarizadas: 40% cursaram faculdade.
