Para especialista, movimento é natural conforme a tecnologia é absorvida pelo mercado, mas não vai afetar todos os trabalhadores
Conforme as aplicações de inteligência artificial vão ganhando espaço no dia a dia, é natural que surja também um questionamento: afinal, essa tecnologia vai substituir os seres humanos? Para Álvaro Machado Dias, professor livre-docente da Unifesp e sócio do Instituto Locomotiva, a resposta para essa pergunta não é um simples sim ou não, e depende da situação de cada pessoa.
“A substituição do trabalho pelo trabalho maquínico é uma constante da cultura. Se a gente olhar bem, as duas grandes linhas de força da cultura, do desenvolvimento civilizatório, são o aumento mecânico e o aumento cognitivo”, explica Dias em entrevista para a EXAME.
Segundo ele, a humanidade foi criando ao longo dos séculos diversos “aparelhos intelectuais” que foram, de alguma forma, facilitando a realização de tarefas por humanos, desde o computador até o tear ou uma enxada. Além disso, elas também conseguem ir além, “ampliando o que a gente consegue fazer manualmente”.
“É a mesma coisa do ponto de vista informacional. Desde o desenvolvimento da escrita”, destaca Dias. Ele ressalta que a escrita impactou a própria percepção humana de desenvolvimento, mas já naquela época havia quem apontasse que a escrita poderia acabar com uma série de atividades, o que não é tão diferente do que os críticos dizem sobre a inteligência artificial.
“O que a gente viu foi o contrário disso. A escrita é a nossa plataforma intelectual mais básica, mas de fato a oratória se torna menos relevante conforme as pessoas escrevem mais”, avalia Dias. Para ele, é possível levar essa mesma situação para o cenário atual.
Partindo desse princípio para analisar a inteligência artificial, o professor acredita que “o trabalho mais básico, menos intelectualmente refinado, efetivamente tende a ser substituído por uma réplica maquínica feita por uma inteligência artificial. Mas o trabalho sofisticado, que envolve alguma coisa que é intrinsecamente humana, não”.
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Por Redação
Publicado originalmente em: bit.ly/3DRSEsj
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