Por Thomas Escritt e Madeline Chambers
BERLIM (Reuters) – Os conservadores da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, chegaram a um acordo nesta segunda-feira em uma disputa sobre imigração que ameaçava derrubar sua frágil coalizão governista, após conversas com seu rebelde ministro do Interior o levarem a desistir de sua ameaça de renunciar.
Após cinco horas de conversas, Horst Seehofer, líder da União Social-Cristã da Baviera (CSU), disse a repórteres que irá permanecer em seu cargo após um acordo com a União Democrata-Cristã (CDU), de Merkel, que ele disse que irá conter a imigração ilegal.
“Após intensas discussões entre a CDU e a CSU, nós chegamos a um acordo sobre como podemos impedir no futuro imigração ilegal na fronteira entre Alemanha e Áustria”, disse Seehofer a repórteres após deixar a sede da CDU em Berlim.
O acordo, que tirou o governo da beira do colapso apenas três meses após sua formação, mantém Merkel no cargo. Mas o tamanho da mulher que dominou a política européia por 12 anos e meio parece muito diminuído, levantando questões sobre se ela chegará ao fim de seu mandato.
Sob o acordo, anunciado pela secretária-geral da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, imigrantes que já solicitaram asilo em outros países da União Europeia serão mantidos em centros de trânsito na fronteira enquanto a Alemanha negocia acordos bilaterais para seus retornos.
A disputa havia elevado a tensão na aliança entre os dois partidos, que já dura de 70 anos, perto do ponto de ruptura. Sob a aliança, a CDU deixa a CSU agitar a bandeira conservadora no rico Estado da Baviera.
O acordo significa que Seehofer foi capaz de atrair controles imigratórios mais duros, enquanto Merkel foi capaz de dizer que a Alemanha aderiu às regras da EU e está comprometida com os princípios de liberdade de movimentação dentro do bloco.
“O espírito da parceira na União Europeia está preservado e ao mesmo tempo um importante passo para a ordem (foi tomado)”, disse Merkel a repórteres.
Mas a crise, a mais recente em uma série de disputas sobre imigração entre os dois partidos, é outro sinal da ampla divisão na UE daqueles que querem manter fronteiras abertas e aqueles que querem restringir o número de imigrantes que entram no bloco.
A CDU, de Merkel, depende da CSU para manter o poder por meio de uma coalizão, que também inclui o Partido Social-Democrata, de centro-esquerda.
A CSU enfrenta um grande desafio da Alternativa para a Alemanha, da extrema-direita, na eleição regional de outubro.
Mesmo que a disputa de imigração agora tenha sido resolvida, isto deixa Seehofer, que voltou atrás em uma ameaça de renunciar, rebaixado, disseram especialistas. A disputa, e o compromisso desta segunda-feira, também é um sinal de que a autoridade de Merkel, em dado momento a líder mais poderosa da Europa, está perdendo força após 12 anos e meio no cargo.
(Reportagem adicional de Joseph Nasr)