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Zambelli só recuperou redes após prometer moderar tom

Para Bolsonaro, apaziguamento com Alexandre de Moraes (STF) é traição

Um acordo entre a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é denunciado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre seus correligionários. A crítica contra uma das seguidoras mais estridentes e agressivas do ex-mandatário surgiu após o desbloqueio das redes sociais da parlamentar, ocorrido em 6 de fevereiro. Desde então, Zambelli moderou o tom contra Moraes e parou de defender os atos antidemocráticos, como a invasão da Praça dos 3 Poderes e a intromissão das Forças Armadas na política.

Não que Zambelli tenha virado uma liberal democrata. A refreada seria por pura sobrevivência política. Vide os destinos recentes de Roberto Jefferson (PTB-SP) e Daniel Silveira (PTB-RJ), que sem mandato foram parar na cadeia por determinação de Moraes. Além das complicações legais de praxe do bolsonarismo raiz, a deputada foi filmada armada perseguindo um crítico no meio da rua – o que pode lhe custar uma suspensão ou até o mandato.

Foi o que bastou para Bolsonaro considerá-la uma traidora. Em resposta, Zambelli criticou duramente o ex-presidente e seu clã, em entrevista à Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (23), reforçando a desconfiança no clã.

Para Carla Zambelli, a prioridade deixou de ser defender Bolsonaro. O negócio agora é atacar Lula (PT) – algo esperado. Mesmo assim, ela faz ressalvas de conselheira ao ministro. “Liguei [para Alexandre de Moraes] e mandei um e-mail. Alguns dias depois, minha rede foi devolvida. Pode ter sido um gesto. Estou à disposição dele para conversar. Porque ele vai ser um alvo do PT daqui a pouco. O PT não vai se contentar em indicar somente os dois ministros que vão se aposentar”, afirmou Zambelli.

Ainda no capítulo das críticas a Bolsonaro, a deputada citou o silêncio dele depois das eleições e a permanência nos Estados Unidos.”Discordo da maneira como ele [o ex-presidente] levou aquele tempo todo [para falar após a eleição] e o silêncio que teve. Ele tinha que organizar a oposição, orientar a gente, ele tinha 28 anos de Câmara”, disse.

No despacho em que libera as redes sociais, Moraes frisa que “houve a cessação de divulgação de conteúdos revestidos de ilicitude e tendentes a transgredir a integridade do processo eleitoral”. Segundo o magistrado, a deputada pode voltar às atividades desde que atue dentro da legalidade. Moraes fixou multa diária de R$ 20 mil caso a parlamentar insista na divulgação de conteúdos já bloqueados.

A mudança de comportamento de Zambelli – que apoiava até então o impeachment de Moraes – indica um caminho menos penoso e desprovido de bravatarias a diversos disseminadores de fake news e ilegalidades, como Adrilles Jorge, Monark e Bárbara Destefani, que colhem prejuízos com os bloqueios de suas contas.

Também fica atenuada a preocupação com o papel arbitrário de Moraes na Suprema Corte. Bastaria deixar de atacar a democracia e parar de espalhar fake news.

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