Órgão vai apurar se executivos se sentiam estimulados a fraudar contas para ganhar mais
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) quer saber até que ponto a agressiva política de pagamento de bônus da Americanas estimulou os executivos a cometer ou ser coniventes com as fraudes descobertas em 11 de janeiro.
O assunto já é tratado no nível de diretoria da CVM. Atrelar a remuneração dos executivos aos resultados é uma prática consagrada no modelo de gestão difundido pelos antigos controladores e atuais acionistas de referência da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
Executivos da empresa venderam quase R$ 212 milhões em ações da companhia durante o segundo semestre do ano passado. Os acionistas controladores e membros do conselho de administração da rede, que revelou problemas contábeis iniciais de R$ 20 bilhões e que levaram a um tombo de quase 80% no valor das ações da companhia, não venderam volumes relevantes de ações entre julho e o final de setembro.
A Americanas anunciou em 19 de agosto a troca do comando da companhia, com o ex-presidente-executivo Miguel Gutierrez sendo substituído a partir do início deste ano por Sergio Rial, que renunciou junto com a revelação dos problemas contábeis.