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Ciro Gomes defende revisão da reforma trabalhista com participação de centrais sindicais

Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, afirmou nesta quarta-feira que, se eleito, vai fazer uma rediscussão da reforma trabalhista aprovada pela gestão do presidente Michel Temer, a qual chamou de “selvageria”, nos seis primeiros meses de mandato, com a participação das centrais sindicais.

“Meu compromisso com as centrais sindicais é trazer essa bola de volta ao meio de campo”, disse, que completou após ter sido vaiado. “Pois é, vai ser assim mesmo. Se quiserem presidente fraco escolham um desses que vem conversando fiado aqui com vocês.”

As declarações de Ciro Gomes foram feitas durante sabatina promovida pela Confederação Nacional de Indústria (CNI) com os pré-candidatos a presidente. A reforma trabalhista aprovada por Temer foi uma das mais festejadas pelo setor industrial.

O pré-candidato a presidente — o único vaiado no evento até o momento — disse posteriormente que aceitava as vaias, mas fez questão de dizer que cultiva a “autoridade dentro da democracia” e que confiança não é sinônimo de simpatia.

Em entrevista coletiva após a sabatina, Ciro disse que o seu lado é o da classe trabalhadora e destacou que a melhor forma de prestigiá-la é com a classe produtiva também a prestigiando. “Eu tentei mostrar. É assim que vai ser, eu vou proteger o trabalho”, reforçou.

O pré-candidato disse não ter se sentido “agredido nem insultado” com as vaias e destacou se tratar de “gente adulta”. “Estamos debatendo. Tem alguma coisa que desqualifica isso? Eu vejo isso com a maior naturalidade”, avaliou.

Numa cutucada, ele afirmou que “cada um tem o candidato que merece”. “Eu, por exemplo, teria muita vergonha de bater palma para Bolsonaro”, disse, numa referência ao pré-candidato Jair Bolsonaro, do PSL, líder nas pesquisas de intenção de voto no cenário sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ciro Gomes disse que não se reconhece nas declarações que faz à imprensa. O comentário ocorreu quando ele disse que jamais falou que iria revogar a reforma trabalhista e que não tem poderes para isso.

Ele afirmou ainda que a Previdência no país não é reformável e que será necessário buscar outro modelo. Ele defende que se institua um modelo de capitalização, com um regime de repartição com regra de transição. Cobrou ainda uma unificação das previdências pública e privada.

O pré-candidato defendeu também a realização de uma consulta popular para alterar o regime previdenciário e citou o fato de que 2 por cento dos beneficiários — incluindo juízes, procuradores e políticos — do regime levam 25 por cento dos recursos dos benefícios.

Para Ciro, é preciso se propor reformas nos seis primeiros meses de governo. Ele lembrou que, desde o ex-presidente Eurico Gaspar Dutra, todos os presidentes foram eleitos com o apoio de minoria congressual, e defendeu que é preciso buscar uma convergência da sociedade civil organizada para avançar.

Ciro Gomes recebeu também efusivas palmas ao defender um foco social na atuação de todos. “Vamos botar a mão na cabeça, só ganhar dinheiro é importante, mas temos um povo para alimentar”, disse. Ele também foi aplaudido ao defender uma redução da taxa de juros para ajudar o país.

Em sua exposição inicial, o pré-candidato fez um amplo diagnóstico sobre como o país chegou à atual situação. Ele disse que o Brasil não cresce pelo alto endividamento das famílias e das empresas. Ele também citou como dificuldade para fazer o país crescer a grave crise fiscal e a atuação do governo ao atuar no combate à inflação se valendo na taxa básica de juros.

“Na minha opinião, não sairemos disso com a reação tópica às fogueiras do dia a dia. Tabela de frete, dá subsídio, a política de preços”, disse. “É mistificação que estamos virando o jogo, estamos afundando”, completou.

JUDICIÁRIO

Assim como Bolsonaro, Ciro também fez críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF). Para ele, ministros do STF estão “exorbitando” das suas atribuições.

“O judiciário brasileiro precisa voltar para o seu quadrado, o Ministério Público brasileiro precisa voltar para o seu quadrado”, ressaltou, para quem é preciso “restaurar” a autoridade.

Depois, em entrevista coletiva, o pré-candidato afirmou que o “colapso” do poder político, com a desmoralização do presidente e do Congresso tem permitido essa interferência do Judiciário.

“Eu acho que esse estado de anarquia passou dos limites. Tem que restaurar a plenitude do poder democrático. Não é hostilidade a ninguém, mas é cada qual no seu quadrado”, reforçou.

Ciro citou uma série de exemplos de interferência do Judiciário, como o fim da cláusula de barreira, determinado pelo STF, para um determinado partido ter direito a representatividade no Congresso. Ele também disse que há um “verdadeiro terrorismo” de jovens promotores nos municípios.

“Parte do Judiciário começa a inovar e adotar parte do sistema anglo-saxão. Não é razoável que uma maioria simples da Suprema Corte legisle em questões centrais do país. Mas isso vai ter que ser resolvido conversando e é a política que vai ter que resolver”, destacou.

Mais uma vez, o pré-candidato fez duras críticas ao presidente Michel Temer. Ele falou que a população percebe o poder político como um lugar de ladrões e emendou: “há um quadrilheiro na Presidência da República que eu conheço de longa data e, como tal, foi acusado pelo Ministério Público.”

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