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Precisamos celebrar compositores como John Williams

Acabo de ler que a série “Indiana Jones” vai ganhar mais uma sequência: “A Relíquia do Destino”, com Harrison Ford estrelando o filme no esplendor de seus 80 anos de idade. Foi inevitável não me lembrar da premiação do American Film Institute, quando ele subiu ao palco, ao som do tema da série sobre o arqueólogo mais famoso do planeta. Harrison foi ao microfone e resmungou, arrancando gargalhadas da plateia: “Essa música maldita me persegue em todo lugar que eu vou”.

Em um dos assentos estava John Williams, o autor deste e de outros clássicos do cinema, como ‘Tubarão”, “Guerra Nas Estrelas”, “E.T., o Extraterrestre”, “As Aventuras de Superman”, cujas trilhas sonoras ficaram grudadas em nossas mentes, associadas indelevelmente a determinadas cenas dessas produções. É impossível, por exemplo, não ligar o personagem Darth Vader à “Marcha Imperial” ou o momento em que os meninos de bicicleta que carregam o E.T. começam a voar quando os violinos tocam o tema do filme. E o que dizer do suspense que a trilha sonora de ‘Tubarão” provoca nas cenas embaixo da água?

John Williams faz parte do meu universo desde que era pequeno e ouvia a trilha sonora de “Perdidos no Espaço”. As aventuras de Will Robinson e sua família (além do Robô e do Dr. Smith) não seriam as mesmas sem os arranjos dramáticos de metais que ele compôs. Aliás, ele é chamado de “Johnny Williams” nos créditos do seriado (seu pai, o baterista de Jazz John Williams, era mais conhecido que ele naquela época). O produtor Irwin Allen também o chamou para musicar outros sucessos da telinha: “O Túnel do Tempo” e “Terra de Gigantes”.

Antes de se tornar compositor, trabalhou como músico de estúdio durante muitos anos. O famoso piano em “Peter Gunn”, de Henry Mancini, por exemplo, é dele. Os solos de teclado que reforçam a dramaticidade de “Se Meu Apartamento Falasse” também.

O trabalho de um compositor como Williams é algo difícil de compreender para quem trabalha com as palavras, como eu. Já escrevi textos de ficção. As ideias surgem geralmente quando se menos espera – ou muitas vezes aparecem quando juntamos, em nossa cabeça, algumas referências que servem de inspiração para a criatividade. Mas a matéria-prima, nestes casos, é a língua que todos dominam.

Mas e o processo de criação das músicas? De onde surgem essas ideias? Paul McCartney, certa vez, sonhou com a melodia de “Yesterday”. Para gravá-la na cabeça, criou durante o café da manhã uma letra provisória que dizia: “Scrambled Eggs/ Oh my baby how I love yor legs” (“Ovos Mexidos/ Oh, meu amor, como eu amo as suas pernas”). Mas ele tirou aquela harmonia de seu inconsciente. Porém, eu pergunto: e quando alguém se senta ao piano e inventa uma melodia maravilhosa do nada? De onde surgem esses sons?

A inspiração musical é algo tão especial que deve ter algo a ver com o plano místico e sobrenatural. Neste contexto, o trabalho de compositores como John Williams deve ser louvado. Afinal, ele trabalha sob encomenda. Lê o script de um filme (ou ouve a sua história) e começa a compor.

Cada compositor tem seu método. Mas, Williams criou trilhas sonoras icônicas de formas diferentes. No caso de “Tubarão”, por exemplo, ele ficou pensando primeiro em como seria se fosse um predador dos mares e quais sons pudessem representar melhor a sua atitude. Foi assim que chegou ao tema do filme, que tem basicamente duas notas e foi rejeitado pelo diretor Steven Spielberg quando ouviu aqueles acordes pela primeira vez. Já com ‘Guerra nas Estrelas”, ele fez todo o “score” primeiro e deixou por último a música-tema.

O compositor deve ser alguém celebrado por todos nós, pois oferece ao mundo um tipo de alegria que está acima de qualquer discordância. Um deles, talvez o mais espetacular, é Ludwig Van Beethoven, que criou os acordes mais conhecidos do planeta (o início da Quinta Sinfonia). E é dele a frase que melhor define os resultados de quem busca uma composição perfeita: “A música é a mediadora entre a vida espiritual e a vida sensual”.

Aproveitemos o sábado para exercitar nossos sentidos, desfrutando deste presente divino e celestial que é a música. E enaltecer aqueles que nos oferecem a oportunidade de tornar nossas vidas mais coloridas e emocionantes: os compositores.

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