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O CNPq deve se aproximar de empresas, diz Ricardo Galvão

Órgão precisa se recuperar após cortes no orçamento

O cientista Ricardo Galvão, novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), disse em entrevista para o jornal da Unesp que deseja que o órgão passe a atuar mais próximo das empresas.

“É essencial para mim é que o CNPq volte a ser principalmente uma agência de fomento para aumento das pesquisas no Brasil, financiando projetos, laboratórios, etc. Hoje, 90% dos nossos recursos vão para bolsas. Só 10% são para investimento e manutenção”, disse Galvão. O cientista também quer promover uma maior igualdade de gênero e raça nos projetos do órgão e fazer um programa para trazer de volta jovens que saíram do País, fazendo contratos temporários com valores mais elevados.

Galvão também disse que ficou surpreso com a repercussão internacional de sua demissão pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) por se posicionar a favor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável por fazer pesquisas científicas e monitoramento ambiental dos Biomas brasileiros por satélite. Na ocasião, o cientista foi criticado por divulgar um aumento do desmatamento na Amazônia.

“O episódio foi consequência de uma série de ataques que começaram desde o início do governo Bolsonaro, pelo ministro Ricardo Sales. Só que isso não transparecia para o público. Eram ataques via relatórios e ofícios que eu respondia ao meu superior, o ministro da ciência, Tecnologia e Inovação Marcos Pontes. Com o tempo percebi claramente que havia uma intenção do governo como um todo de desqualificar os dados do INPE, afinal nós estávamos apresentando dados de forma independentes e contrários ao que eles estavam dizendo”, disse Galvão.

O cientista também disse que suas primeiras impressões sobre órgão foram melhores do que esperava, apesar da queda de recursos e do número de servidores, que caiu pela metade em dez anos. “O CNPq tem um corpo de servidores de carreira muito qualificado e que procurou sempre sustentar o funcionamento do órgão. Então não encontrei o nível de desarranjo que eu imaginava”, afirmou.

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