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Lula bate no BC e Haddad apanha do PT

Ao ameaçar retirar do ministro o protagonismo da âncora fiscal, presidente pode criar um Paulo Guedes para chamar de seu

Em entrevista ao portal Brasil 247, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (21) que continuará batendo no Banco Central (BC), e que o presidente do órgão, Roberto Campos Neto, não está seguindo a lei de autonomia.

“Eu sinceramente acho que o presidente do Banco Central não tem compromisso com a lei de autonomia do Banco Central. A lei diz que é preciso cuidar da inflação, mas também do crescimento e do emprego, coisa que ele não se importa. Vou continuar batendo e vou continuar tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros”, disse Lula.

Enquanto isso, nos últimos dez dias, Fernando Haddad apresentou a várias autoridades o plano fiscal elaborado por sua equipe para substituir o teto de gastos, com notável paciência. Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, aprovou a proposta, assim como Geraldo Alckmin e Simone Tebet.

Ontem, a recepção de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco também foi positiva. No entanto, Lula, que foi informado do projeto na sexta-feira passada (17), pediu a Haddad que consultasse mais economistas e apresentasse a proposta ao Congresso.

Novo Paulo Guedes

O presidente também decidiu retirar de seu ministro mais importante o papel de representante nessa negociação. Embora Haddad espere que o anúncio do novo plano fiscal aconteça apenas em abril, após a viagem de Lula à China no final do mês, este optou por tomar a frente e exibir sua imagem como o verdadeiro líder, algo que seus aliados já haviam propagado durante a campanha presidencial, afirmando que o ministro da Fazenda seria meramente um executor de suas ordens.

Lula se afasta um bom tanto do modo de atuação conciliadora de seus mandatos anteriores. Ao atacar a taxa de juros, age como político de oposição no palanque, esquecendo propositadamente que inexistem grandes expectativas de uma redução da Selic no curto prazo. Ou seja, é sabido que a redução é necessária e esperada, mas se for feita na canetada, apenas deterioraria um ambiente que já espera por uma escorregada intervencionista do PT. Dessa maneira, Lula tornaria Haddad um novo Paulo Guedes. Justo quando o ministro trabalha para alcançar uma convergência com o Banco Central, o que seria fundamental para acalmar os agentes de mercado que tanto desconfiam das intenções e iniciativas de um governo de esquerda, mas que até ontem se apresentava como de conciliação e coalizão.

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