Mesmo com pressão do governo, taxa ficou inalterada pela quinta vez consecutiva
Contrariando os desejos do Executivo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou, no início da noite desta quarta-feira (22), em Brasília, a manutenção da taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75% ao ano. O patamar segue desde o início de agosto de 2022. A decisão era esperada.
Em comunicado, o Copom informou que o ambiente internacional se deteriorou desde a última reunião do órgão, com bancos nos Estados Unidos e na Europa em problemas e com a inflação na maioria dos países não cedendo. Na economia doméstica, a desaceleração continua, com a inflação acima do teto da meta. O texto menciona incertezas em relação ao futuro arcabouço fiscal em elaboração pelo governo, mas elogia a recente reoneração parcial da gasolina e do etanol.
“Por um lado, a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo. Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”, destacou o comunicado. “Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas”.
A taxa continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Antes de agosto do ano passado, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Porém, há relutância em baixar a taxa.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o indicador fechou em 5,6% no acumulado de 12 meses.