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Lula retoma uma tradição do primeiro mandato – a de piorar as crises

Em maio de 2004, quando dirigia a revista Época, publiquei uma reportagem de capa que tinha a seguinte manchete: “Como o governo piora as crises”. O texto abordava cinco episódios nos quais a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais assessores tinha amplificado a crise original. Dois deles se destacavam. Um era o caso Waldomiro Diniz, o primeiro escândalo de sua gestão, levantado por Época. O outro foi relativo ao correspondente do jornal New York Times, Larry Rohter, que Lula quis expulsar do país.

Capa da revista Época de maio de 2004

Percebe-se que o Lula daquele primeiro mandato está dando as caras em 2023. Desde que assumiu, o presidente vem comprando brigas desnecessárias, como se fosse um Jair Bolsonaro de sinal invertido. Durante a campanha eleitoral de 2022, ele disse que o país precisaria de tranquilidade e de previsibilidade. Mais que isso: em junho, afirmou que não era hora de brigar. “Não quero ninguém brigando, aceitando provocação. E é isso que nós temos que fazer nos próximos três meses. Vamos encher as ruas, conversar com as pessoas. Nós não precisamos brigar, a nossa arma é a tranquilidade, o amor e a sede que temos de melhorar a vida do povo brasileiro”, escreveu o então candidato em sua conta no Twitter.

Mas o que se vê, neste início de gestão, é exatamente o contrário: o mercado financeiro está sobressaltado e reage negativamente às declarações do mandatário. Um exemplo disso foi a queda da bolsa de valores e alta do dólar ocorridas na semana passada.

Mas os empresários começam a perder a paciência com Lula. Logo que os resultados eleitorais foram anunciados, a maioria do empresariado reagiu com serenidade. Afinal, era o resultado das eleições, que tinha de ser respeitado. Pragmáticos, esses homens de negócios buscavam enxergar se a vitória de Lula poderia trazer um efeito benéfico para o país. Chegaram a uma conclusão: Lula não criaria tanta confusão como Bolsonaro e poderia deixar o clima político e econômico mais ameno.

O que se observou desde janeiro, porém, é justamente o contrário. Lula voltou ao poder rancoroso e aparentemente vingativo. Todos os dias, assim, são uma oportunidade para lacrar contra seus opositores – e, nesse conjunto, aparentemente, estão os empresários. Em 19 de janeiro, por exemplo, ele disse que um dono de empresa “não ganha muito dinheiro porque ele trabalhou, ele ganha muito dinheiro porque os trabalhadores dele trabalharam”.

Todo político deveria saber a hora de ficar calado. Mas Lula vem perdendo várias oportunidades para ficar quieto (a declaração que atribuiu o plano do PCC de sequestrar e matar figuras importantes do Judiciário a uma “armação” de Sergio Moro foi uma delas) e isso está criando insegurança por aí.

Há uma frase famosa, comumente atribuída a Winston Churchill, que pode ser utilizada para ilustrar esses episódios. A origem da máxima, segundo o Financial Times , tem a ver com um morador da casa cujo endereço londrino é o número 10 da rua Downing. Mas o autor não seria um primeiro-ministro, e sim Dennis, marido de Margaret Thatcher. Ele dizia frequentemente o seguinte: “É melhor ficar com a boca fechada e ser considerado um tolo por alguns do que abrir a boca e acabar com todas as dúvidas”.

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