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“Siga a sua paixão”. Será?

Neste final de semana, topei com um vídeo do professor Scott Galloway (imagem), da NYU Stern Business School. Ele dizia algo que incendiou meus pensamentos. “Em várias palestras com bilionários, é possível ouvi-los dar o mesmo conselho para quem deseja obter o sucesso: ‘siga a sua paixão’. Bem, isso é uma tremenda bobagem”.

Segundo Galloway, muitos desses milionários fizeram fortunas fazendo coisas que dificilmente eram uma forte paixão em suas vidas. Mas que trouxeram riqueza, reconhecimento e independência – o trio de conquistas que é apaixonante para qualquer ser humano. Galloway diz: “Encontre alguma atividade em que você seja bom e gaste mil horas aperfeiçoando-a até se tornar excepcional naquilo”. Esse, para o professor, seria o verdadeiro caminho para o sucesso.

Ele acredita que a paixão deve guiar apenas empreendedores ligados à música, à arte ou à gastronomia. São tipos de empreendimentos que precisam de um toque artístico e passional para crescer e ganhar reconhecimento. Outras atividades ligadas ao mundo dos negócios, no entanto, precisam de um conjunto específicos de habilidades – mas não necessariamente de paixão.

Galloway não está sozinho. O bilionário Mark Cuban pensa exatamente do mesmo jeito. “Há várias coisas pelas quais eu sou apaixonado. Mas eu sou realmente bom somente naquilo em que eu coloquei uma grande quantidade de esforço”, disse ele à revista Inc. Ou seja, é plenamente possível ter paixão por algo e não ser bom naquele campo de atuação.

Esse credo (“siga a sua paixão”) tem origem naquele ditado segundo o qual as pessoas precisam escolher uma profissão da qual gostem, pois não sentirão que estão trabalhando. Ou então faz parte da educação da classe média atual, que reforça sempre o fator “felicidade” aos filhos. “O importante é você ser feliz”, dizem muitos pais a seus rebentos. Ora, se o importante é ser feliz, por que não seguir a sua paixão dentro de uma carreira profissional?

Quando sou convidado a debater esse tema, lembro frequentemente de meu amigo Marco Stefanini. Uma vez, durante uma entrevista, perguntei a ele qual era sua formação universitária. Como ele é dono de uma das maiores empresas de tecnologia do Brasil, imaginei que ele fosse engenheiro ou matemático. Ocorre que Stefanini é geólogo. Como assim? Ele me respondeu: “Em minha vida, aprendi que o importante não é fazer o que se gosta, mas aprender a gostar daquilo que fazemos”.

Essa é uma grande lição de vida. Talvez uma das dez mais importantes que eu tenha ouvido (ou aprendido) ao longo dos últimos anos.

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