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Kremlin acusa Trump de tentar coagir Europa a comprar energia dos EUA

Por Andrew Osborn

MOSCOU (Reuters) – O Kremlin rejeitou nesta quinta-feira a afirmação feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a Alemanha está “refém” da Rússia devido à sua dependência energética, dizendo que a declaração é parte de uma campanha norte-americana para coagir a Europa a comprar energia dos EUA.

Trump disse à Alemanha em uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bruxelas na quarta-feira que é errado apoiar a construção de um gasoduto de 11 bilhões de dólares sob o Mar Báltico para importar ainda mais gás russo e, ao mesmo tempo, demorar para pagar os gastos de defesa da Otan.

Trump fez os comentários antes de sua reunião de segunda-feira com o presidente russo, Vladimir Putin, em Helsinque, mas o Kremlin disse que eles não devem ter impacto no que já se antevia como um encontro difícil devido aos vários desentendimentos entre os dois países.

A Rússia está ansiosa para levar adiante o gasoduto Nord Stream 2, que tem o potencial de duplicar suas exportações de gás para a Alemanha por baixo do Mar Báltico, desviando de rotas tradicionais pela Ucrânia, com a qual tem más relações.

Mas Washington se opõe ao projeto, e um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse à Reuters na quarta-feira que empresas ocidentais que investiram no gasoduto correm risco de enfrentar sanções.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a declaração de Trump marcou uma escalada em uma campanha norte-americana para minar as remessas de gás russo para a Europa na tentativa de fomentar seu próprio setor energético.

“Quanto à dependência da Alemanha (da Rússia) como grande compradora de gás, não podemos concordar com essa premissa”, disse Peskov aos repórteres em uma teleconferência.

“Os suprimentos de gás por gasoduto não levam à dependência de um país do outro, mas à dependência mútua completa. Isto é uma garantia de estabilidade e desenvolvimento futuro”.

Peskov afirmou que Moscou vê as objeções de Washington ao novo gasoduto como uma “concorrência injusta” que visa tentar forçar países europeus a comprarem gás natural liquefeito mais caro dos EUA.

“Consideramos que esta é uma questão de concorrência econômica e que… os compradores devem tomar suas próprias decisões”.            

(Reportagem adicional de Denis Pinchuk, Kevin O’Flynn e Maria Kiselyova)

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